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Crítica | “Demolidor: Renascido” – 1X01 e 02: Meia Hora do Céu / Ótica

  • Foto do escritor: Igor Biagioni Rodrigues
    Igor Biagioni Rodrigues
  • 7 de mar.
  • 5 min de leitura

O renascimento do Homem Sem Medo!

Por Igor Biagioni Rodrigues.

Demolidor Renascido
"Demolidor: Renascido"- Divulgação/Disney

Após sete anos do fim da excelente terceira temporada de “Demolidor” na Netflix, o personagem e seu universo ficaram suspensos em um limbo por um bom tempo. Mas, graças a movimentos como #savedaredevil e #renewdaredevil nas redes sociais, somados à vontade da Disney de ganhar dinheiro, Matt Murdock e Wilson Fisk deram as caras em algumas produções, como “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, “Gavião Arqueiro”, “Echo” e “Homem-Aranha: Seu Amigão da Vizinhança”. No entanto, foram apenas aperitivos, e finalmente o Diabo da Guarda e companhia limitada retornam para um título próprio em uma nova série no Disney+. Acompanharemos semanalmente os episódios, e trarei críticas de cada um deles aqui no Desenhando Recordatórios, no mesmo formato utilizado para a série do Pinguim. A primeira parte se refere ao primeiro episódio, e a segunda, ao segundo episódio (só para deixar bem claro). Sem mais delongas, vamos ao texto em si!



Demolidor: Renascido
"Demolidor: Renascido"- Divulgação/Disney

Contém spoilers!


O primeiro episódio tem basicamente uma função: ser uma espécie de soft reboot (ou seja, a produção apresenta algumas alterações em relação ao cânone original, embora a franquia ainda reconheça e mantenha elementos do que foi estabelecido anteriormente). Apesar de não ignorar os acontecimentos de sua predecessora na Netflix, a obra opta por, em seus primeiros e frenéticos quinze minutos, demonstrar que o passado existiu e não será alterado, mas que agora é um novo começo.


De maneira rápida, Benjamin Poindexter (Wilson Bethel), o Mercenário, assassina “Foggy” Nelson (Elden Henson) na frente de Karen Page (Deborah Ann Woll), o que leva a um confronto entre ele e o Demolidor (Charlie Cox). A sequência tenta emular as batalhas da série anterior, incluindo até um plano-sequência — que, aliás, é bem confuso e mal executado. Apesar de a brutalidade dos golpes ser sentida, a utilização de CGI faz com que a luta, que deveria ser explosiva para um começo de série surpreendente, acabe soando cafona. Isso sem contar que a primeira aparição do traje (finalmente vermelho de volta!) sendo quase inteiramente feita por computação gráfica é um balde de água fria para o espectador.


Além disso, por um momento temos a impressão de que Matt Murdock finalmente cruzou a linha, cometeu o maior pecado que poderia e matou Poindexter, o que poderia resultar em uma linha narrativa interessante sobre a aposentadoria do Demolidor e ligá-la diretamente a uma questão religiosa. Mas não. Logo descobrimos que o Mercenário está vivo, e o peso da perda de Foggy parece se esvaziar.


Ocorre então um salto temporal de um ano. Há o julgamento de Benjamin, descobrimos que Karen se mudou para San Francisco e fica claro que todos esses eventos serviram para que esta nova produção começasse e seguisse seu próprio rumo. Matt arranjou uma nova parceira para seu escritório de advocacia, Kirsten McDuffie (Nikki M. James), deixou Hell’s Kitchen e aposentou o traje de Demolidor.


Demolidor: Renascido
Cena do primeiro episódio de "Demolidor: Renascido"- Divulgação/Disney

Por parte do Rei do Crime (Vincent D’Onofrio) , as coisas ficam realmente interessantes. A cena do retorno de Wilson Fisk e seu reencontro com Vanessa (Ayelet Zurer, excelente no papel, como sempre), que agora é a rainha do crime após o desaparecimento de Fisk devido aos acontecimentos de “Gavião Arqueiro” e, principalmente, de “Echo”, gera diálogos impactantes. Acrescente-se a isso o fato de que o Rei do Crime está concorrendo à prefeitura de Nova York, e sua eleição ao final do episódio é uma ótima escolha narrativa. Inclusive, o melhor momento do episódio ocorre quando Fisk e Murdock conversam “calmamente” em um café. Os atores demonstram total maestria, conhecimento e domínio de seus personagens. Mesmo dialogando de forma supostamente tranquila, conseguimos sentir o ódio latente que cada um nutre pelo outro.


Apesar das minhas críticas em relação à montagem da luta inicial e ao uso de CGI, algumas escolhas técnicas são realmente interessantes. Um exemplo é quando Matt utiliza sua audição para escutar a conversa de Foggy e seu cliente no início do episódio, momento em que o aspecto da tela muda de 16:9 (widescreen) para tela cheia (fullscreen), demonstrando a extensão de sua percepção auditiva. Outro exemplo está na alternância de planos plongée e contra-plongée, que evidenciam a diferença de “poder” entre Matt Murdock e Wilson Fisk, enquanto ambos são iluminados por suas cores características: a luz branca refletindo no Rei do Crime e a luz vermelha das sirenes iluminando Matt.


Crítica Demolidor Renascido
Cena final do primeiro episódio de "Demolidor: Renascido"- Divulgação/Disney

Em suma, o primeiro episódio serve para estabelecer um novo começo para o Demolidor, deixando sua história pregressa para trás sem omiti-la e trazendo ideias promissoras para o futuro.


Para quem só se importa com números:

Nota- 6/10.


Demolidor: Renascido
Cena do segundo episódio de "Demolidor: Renascido"- Divulgação/Disney

O que dizer desse segundo episódio? Parece outra série. A trama começa a se desenrolar ainda mais. Somos apresentados a Hector Ayala (Kamar de los Reyes), o Tigre Branco, que é preso após matar um policial em uma confusão. Matt assume o caso, e a investigação sobre o passado de Ayala e os agressores policiais é bastante interessante, pois vemos mais do conflito interno de Murdock após ter deixado de ser o Demolidor e o uso mais efetivo de seus poderes.


Por parte de Wilson Fisk, o vemos ganhar ainda mais apoio popular após, em seu discurso de posse, declarar que os nova-iorquinos são durões e sabem se cuidar. “Não precisam de um vigilante atirador com uma caveira no peito, de um homem vestido com uma roupa de aranha ou de um cara que usa chifres de diabo para salvá-los.” (Inserido mesmo no MCU, hein). Após resolver a burocracia para fechar um buraco na rua que estava congestionando o trânsito, sua popularidade aumenta. Mas nem tudo são flores no novo domínio (dessa vez legal) de Wilson Fisk sobre Nova York. Como destacado por BB Urich (sobrinha do falecido Ben Urich — matá-lo na primeira temporada foi um dos maiores erros da série anterior), com a renúncia do comissário de polícia Gallo, que não apoia o novo prefeito e conhece seu passado, boa parte da força policial ficará do lado do comissário e deixará a corporação. Perdendo grande parte do efetivo policial, Fisk poderia ver sua popularidade despencar rapidamente. Mas lembrem-se: ele não é qualquer prefeito, ele é Wilson Fisk e sabe jogar o jogo da maneira mais suja possível — e ameaças são feitas. Vou repetir isso muitas vezes ao longo das críticas da temporada, mas Vincent D’Onofrio é um monstro atuando, trazendo de volta aquele sentimento de medo gerado pela imprevisibilidade do Rei do Crime na série da Netflix.


Além dessa politicagem, que reflete diretamente os tempos atuais, há ainda uma nova trama no tabuleiro desse jogo: a terapia de casal de Fisk e Vanessa com a terapeuta Heather Glenn (Margarita Levieva) — que, coincidentemente, é o novo interesse romântico de Matt Murdock. Mundo pequeno, não?


Mas a parte mais impactante deste ótimo episódio é seu final. Após a investigação de Matthew para encontrar a vítima que Ayala havia salvado no metrô, Murdock se vê ameaçado por dois policiais (um deles ostenta uma tatuagem da caveira do Justiceiro — novamente, temas da nossa realidade, olhem só!). Ele então descarrega toda sua fúria em uma luta violenta que, diferentemente da primeira, é bem montada e coreografada, culminando em um grito de fúria de Murdock que nos deixa extremamente ansiosos pelo próximo episódio… Finalmente a série realmente começou.


Para quem só se importa com números:

Nota- 8/10.


Ficha Técnica:

Título original: Daredevil: Born Again 1X01/02: Heaven’s Half Hour/Optics

País de origem: Estados Unidos

Roteiristas: Matt Corman e Chris Ord

Direção: Aaron Moorhead e Justin Benson (1X01), Michael Cuesta (1X02)

Classificação: 18 anos.

Duração: 60 min. (1X01), 50 min. (1X02)


Elenco:

Charlie Cox

Vincent D’Onofrio

Margarita Levieva

Deborah Ann Woll

Elden Henson

Wilson Bethel

Zabryna Guevara

Nikki M. James

Genneya Walton

Arty Froushan

Clark Johnson

Michael Gandolfini

Ayelet Zurer

Kamar de los Reyes

Michael Gaston

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