Crítica | Pinguim – 1X07: "Manda-chuva" (2024)

Édipo, por que choras?

Por Igor Biagioni Rodrigues.

(Pinguim episódio 7 "Manda-Chuva"/Warner/Divulgação)

O penúltimo episódio de "Pinguim' começa com um flashback da infância de Oz. Inicialmente, isso me preocupou, mas, ao longo do episódio, ficou claro o quão equivocada foi essa preocupação, pois ele entrega uma origem perturbadora. Com uma montagem inteligente, o flashback retrata a dinâmica da família Cobb.

Inicialmente, vemos a interação de Francis com Oz, até que seus irmãos aparecem. O enquadramento em primeiro plano foca em Oz e desfoca o resto da família, permitindo que vejamos sua reação ao relacionamento da mãe com os irmãos e demonstrando o quão possessivo e ciumento o garoto é. Já tínhamos um prenúncio disso quando Oz se irritou com Francis acariciando o rosto de Victor, mas não imaginávamos a extensão desses sentimentos.

Descobrimos mais detalhes do passado do personagem, como sua índole duvidosa e o interesse pelo crime. Aliás, Rex Calabrese faz uma aparição, revelando que muitos dos trejeitos atuais de Oz foram inspirados nessa figura de gângster que ele tanto admira. Durante uma brincadeira de pega-pega com seus irmãos, eles se escondem em um lugar que Oswald não consegue alcançar por conta de sua deficiência física. O garoto, sentindo-se ofendido e atacado propositalmente — mesmo que isso não seja verdade —, explode. Oz, narcisista e egoísta, acredita que tudo gira em torno dele. Em um momento de fúria, tranca os irmãos no subterrâneo, mesmo sabendo que o local será alagado devido à chuva, e vai embora.

O que se segue é sinistro. Oz retorna para casa, mente sobre o paradeiro dos irmãos e os deixa morrer, enquanto assiste à chuva. Recebendo toda a atenção da mãe, ele assiste a um filme em que o protagonista elimina seus “irmãos” e comenta: “Eu gosto disso”.

No presente, Pinguim encontra Victor machucado em sua casa e descobre que sua mãe foi levada por Sofia. Oz manda o garoto fugir e fica para ser capturado por Salvatore Maroni. Enquanto isso, Sofia conversa com Francis em um dos momentos mais interessantes do episódio, deixando o público sem conseguir definir as reais intenções de Sofia em relação à mãe de Oz: curiosidade, empatia ou sadismo?

(Pinguim/Warner/Divulgação)

O episódio continua preparando o terreno para o confronto final entre Pinguim e Sofia, mas adquire um tom repetitivo e uma narrativa circular. Apesar dos flashbacks e dos conflitos entre Oz e Salvatore (uma desculpa narrativa questionável, com Maroni invadindo o “covil” de Oz com apenas três homens...), e com uma grande explosão que serve como impacto visual, o episódio termina da mesma forma como começou: Oz capturado a mando de Sofia, tentando resgatar sua mãe.

Apesar disso, o episódio tem seus méritos. Ele aprofunda ainda mais o protagonista, mostrando que sua vilania foi forjada na infância e reflete sua obsessão doentia pela mãe. Também explora a crise de identidade de Sofia, evidenciada em seu desabafo com Rush após seu encontro com Gia, sua prima, ao perceber que está apenas perpetuando os comportamentos de seu pai, que tanto a machucaram. Manda-Chuva é, sem dúvida, um episódio acima da média, com um excelente estudo de personagem, uma narrativa perturbadora e uma direção, atuação e produção de alta qualidade, apesar de pecar um pouco em escolhas narrativas criminais que acabam sendo clichês. De qualquer forma, torcemos por um final interessante, doloroso e surpreendente!

Para quem só se importa com números:

Nota- 7/10.

Ficha técnica:

Título Original: The Penguin – 1X07: Top Hat

País de Origem: Estados Unidos

Criação: Lauren LeFranc

Roteiro: Vladimir Cvetko

Direção: Kevin Bray

Duração: 47 min

Classificação: 16 anos

Elenco:

Colin Farrell,

Cristin Milioti,

Rhenzy Feliz,

Deirdre O’Connell,

Clancy Brown,

Carmen Ejogo,

Michael Zegen,

Berto Colón,

James Madio,

Joshua Bitton,

David H. Holmes,

Daniel J. Watts,

Ben Cook,

Jayme Lawson,

Theo Rossi,

Emily Meade,

Ryder Allen