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Crítica: "Um Completo Desconhecido" (2024)

  • Foto do escritor: Iuri Biagioni Rodrigues
    Iuri Biagioni Rodrigues
  • 2 de mar.
  • 3 min de leitura

Um bom filme que desperdiça a oportunidade de ser ainda melhor...

Por: Iuri Biagioni Rodrigues

Um Completo Desconhecido
Timothée Chalamet como Bob Dylan em Um Completo Desconhecido - Crédito: Divulgação/Searchlight Pictures

"Um Completo Desconhecido" é a cinebiografia do famoso cantor e compositor Bob Dylan. O longa, dirigido por James Mangold, que também é corroteirista ao lado de Jay Cocks, é baseado no livro Dylan Goes Eletric! Newport, Seeger, Dylan, and the Night That Split the Sixties, de Elijah Wald, publicado em 2015. 


Diferentemente de outras produções do gênero, "Um Completo Desconhecido" foca em um recorte específico da vida de seu biografado. Deste modo, acompanhamos Bob Dylan (em ótima performance de Timothée Chalamet) desde sua ascensão na música Folk até a polêmica transição para o uso de instrumentos elétricos, aproximando-se mais do Rock e irritando colegas músicos, críticos e alguns fãs. A história é ambientada entre 1961 e 1965. Essa decisão é um acerto, pois foge do clichê das cinebiografias que  abordam infância, juventude, começo de carreira, auge, declínio ou aposentadoria do protagonista.

Um Completo Desconhecido
Edward Norton e Timothée Chalamet em cena de Um Completo Desconhecido - Crédito:Divulgação/Searchlight Pictures

A direção de Mangold captura com precisão o espírito dos anos 1960. Figurinos marcantes, festivais de música, protestos pelos direitos civis e contra a guerra do Vietnã, além das tensões da Guerra Fria e da ótima representação de Nova York da época, enriquecem a ambientação e demonstram o trabalho meticuloso e dedicado da equipe de direção de arte, figurino cabelo e maquiagem que utilizam de tons terrosos para criar uma ambientação sessentista e dar uma imagem mais rural ao Folk


Outro aspecto positivo do filme é o elenco, que entrega atuações de alto nível. Para dar vida Dylan, Timothée Chalamet se preparou durante cinco anos. O jovem ator aprendeu a cantar e tocar no estilo do músico que iria interpretar. Além disso, ele consegue captar com esmero os trejeitos e a voz anasalada de Bob Dylan sem parecer uma simples imitação. A caracterização contribui ainda mais para a semelhança visual. Além do protagonista, Edward Norton se destaca como Pete Seeger, ícone da música Folk, amigo e referência para Dylan em seus primeiros anos. Norton transmite com precisão o bom temperamento pelo qual Seeger era conhecido e a alegria que ele tinha ao cantar. Já Monica Barbaro interpreta a grande cantora Joan Baez com personalidade e segurança, além de possuir uma boa dinâmica com Chalamet.

Um Completo Desconhecido
Monica Barbaro e Timothée Chalamet em cena de Um Completo Desconhecido - Crédito:Divulgação/Searchlight Pictures

Infelizmente, "Um Completo Desconhecido" acaba se perdendo aos poucos. Apesar de tecnicamente bem executados, os números musicais, ao meu ver, parecem mecânicos e carecem de emoção. Outro problema é a atenção excessiva nos conflitos e relacionamentos amorosos de Dylan com Sylvie Russo (Elle Fanning), Joan Baez e Becka (Laura Kariuki), que, em alguns momentos, parecem desviar a atenção do que realmente importa. A fotografia reluzente, os tons terrosos que remetem à ideia de origem, os closes nas mãos e rosto de Timothée para evidenciar que é ele que está cantando e tocando os instrumentos e a preparação de um grande ápice no final do filme, revelam uma estrutura narrativa pouco ousada e nada inovadora.


No geral, Um Completo Desconhecido é um bom filme, melhor que muitas outras cinebiografias do gênero, mas poderia ser ainda melhor se quisesse ousar mais. Bob Dylan sempre foi conhecido por ser inovador e transgressor, fugindo dos padrões esperados, características que este filme, ironicamente, deixa de lado ao adotar um caminho seguro e convencional para contar a história deste enigmático e talentoso músico.


Para quem só se importa com números:

Nota: 7/10


Ficha técnica:

Título Original: A Complete Unknown

País de Origem: Estados Unidos da América

Roteiro: Jay Cocks, James Mangold

Direção: James Mangold

Classificação Indicativa: 14 anos

Duração: 141 minutos


Elenco:

Timothée Chalamet como Bob Dylan

Edward Norton como Pete Seeger

Elle Fanning como Sylvie Russo

Monica Barbaro como Joan Baez

Boyd Holbrook como Johnny Cash

Dan Fogler como Albert Grossman

Charlie Tahan como Al Kooper

P. J. Byrne como Harold Leventhal

Scoot McNairy como Woody Guthrie

Will Harrison como Bob Neuwirth

Norbert Leo Butz como Alan Lomax

Eriko Hatsune como Toshi Seeger

Ryan Harris Brown como Mark Spoelstra

Laura Kariuki como Becka


2件のコメント


Bino
Bino
3月02日

Iuri valoriza o filme naquilo que de fato o torna bom e, interessante, mostra que poderia ser melhor se não se perdesse ao longo do henredo. Vale a pena assistir o filme! Côn. Bino

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desenhandorecordat
desenhandorecordat
3月09日
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Obrigado! Realmente, mesmo que pudesse ser melhor, vale a pena assistir ao filme.

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