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Melhores quadrinhos lidos em 2024!

  • Foto do escritor: desenhandorecordat
    desenhandorecordat
  • 30 de dez. de 2024
  • 24 min de leitura

Atualizado: 8 de jan.

Nosso 2024 em quadrinhos! As melhores leituras do ano!

Por Desenhando Recordatórios.

Melhores leituras de 2024

Seguindo a tradição iniciada em 2022, apresentamos a lista com os melhores quadrinhos que lemos em 2024, acompanhada de breves comentários sobre cada HQ. Vale lembrar que as HQs listadas não foram necessariamente publicadas neste ano. Além disso, a lista não segue uma ordem de preferência.


Sem mais delongas, vejamos quais foram as melhores histórias em quadrinhos lidas em 2024!


Lista 1: Por Iuri Biagioni Rodrigues - ordem cronológica de leitura


1 - Os Maiores Super-Heróis do Mundo - de Paul Dini (argumento e roteiro) e Alex Ross (argumento e arte) - EUA, 1998-2003 - Editora no Brasil: Eaglemoss (2020) e Panini (2022)

Os Maiores Super-Heróis do Mundo
Arte de Alex Ross

Breve comentário: Os Maiores Super-Heróis do Mundo é uma coletânea de histórias protagonizadas pelos principais personagens da DC comics: Superman, Batman, Capitão Marvel (Shazam), Mulher-Maravilha e Liga da Justiça. Para Alex Ross, esses personagens representam o arquétipo perfeito dos super-heróis, simbolizando temas comuns à narrativa da superaventura: ciência (Superman), mistério (Batman), magia (Capitão Marvel) e mito (Mulher-Maravilha). Deste modo, as histórias deste material se afastam do estilo tradicional. Assim, Paul Dini e Alex Ross trazem histórias mais complexas, reflexivas e profundas, nas quais os super-heróis precisam enfrentar problemas do mundo real. 


Em Superman: Paz na Terra, o Homem de Aço precisa enfrentar a fome mundial em uma belíssima história que funciona como paráfrase da parábola do semeador. Em Batman: Guerra Ao Crime, o Cavaleiro das Trevas enfrenta a desigualdade social que alimenta a criminalidade em Gotham. Em Shazam: O Poder da Esperança, Capitão Marvel precisa lidar com a morte e aprende a preservar sua criança interior. Em Mulher-Maravilha: Espírito da Verdade, a princesa amazona enfrenta os dilemas da guerra e  da intolerância. Por fim, em Liga da Justiça: Liberdade e Justiça, a superequipe enfrenta a ameaça de uma pandemia causada por um vírus extremamente contagioso e letal. Há também a história Liga da Justiça Origens Secretas focada em resumir a origem de cada membro da Liga. Finalizando, Dini e Ross criam narrativas de caráter introspectivo, mostrando o mundo através dos olhos e corações dos maiores heróis da DC. Sem dúvidas, Os Maiores Super-Heróis do Mundo é uma obra-prima do gênero da superaventura.


2 - Sin City (7 volumes) - de Frank Miller (roteiro e arte) - EUA, 1991-2000 - Editora no Brasil: Devir, 2022-2023

Sin City
Arte por Frank Miller

Breve comentário: A série Sin City reúne os encadernados O Difícil Adeus, A Dama Fatal, A Grande Matança, O Assassino Amarelo, A Noite da Vingança, Balas, Garotas e Bebidas e De Volta ao Inferno. Estas histórias são do tipo neonoir e têm fortes influências das histórias hard-boiled. Portanto, temos personagens arquétipos como policiais, detetives, valentões, criminosos, femme fatales, etc. No entanto, a série traz elementos únicos que só poderiam surgir do gênio criativo de Frank Miller, como “machões” com fragilidades, prostitutas extremamente armadas (incluindo uma ninja), canibalismo, e outras peculiaridades.


Muito mais do que as tramas em si, o grande destaque de Sin City é a maneira como elas são contadas. Assim,  Miller nos oferece um verdadeiro espetáculo de narrativa visual, utilizando diversas composições de páginas distintas, enquadramentos criativos e domínio impecável do movimento. O quadrinista faz uso magistral do chiaroscuro (o uso de luz e sombra) e o alto contraste (branco muito branco e preto muito preto) criam um impacto marcante. Além disso, num primeiro olhar, os personagens de Sin City podem aparecer rasos e apenas brutamontes que resistem a tudo, porém são homens que possuem fragilidades sexuais, psicológicas e físicas. A obra permite reflexões sobre estetização da violência, problemas sociais urbanos, masculinidade, entre outros temas. Sin City é mais uma obra-prima de Miller.


3 - Escuta, Formosa Márcia - Marcello Quintanilha (roteiro, arte e cores) - Brasil, 2021 - Editora Veneta 

Escuta, Formosa Márcia
Vinheta de Escuta, Formosa Márcia por Marcello Quintanilha

Breve Comentário: Escuta, Formosa Márcia possui o título inspirado em uma modinha homônima da primeira metade do século XIX. A HQ conta a história de Márcia, uma enfermeira que vive em uma favela do Rio de Janeiro, trabalhando em um hospital público da região e também como cuidadora de idosos. Márcia é profundamente preocupada com a sua filha Jaqueline, uma jovem que só quer saber de festas e “rolês” com o traficante Tigela. Em determinado momento, Aluísio, esposo de Márcia e padrasto de Jaqueline, descobre que a garota está contaminada com uma infecção sexualmente transmissível (IST). Para piorar, Jaqueline também está envolvida com o crime organizado.


Assim, começa a odisseia de Márcia, que faz de tudo para salvar a filha desta situação. Marcello Quintanilha cria uma excelente história que trata de problemas familiares,sacrifício das mães pelos filhos , desigualdade social e problemas urbanos, vida dos trabalhadores, sonhos e anseios da sociedade brasileira. O quadrinista constrói seus personagens de maneira primorosa, tanto que nos importamos e sofremos com eles ou ainda ficamos com raiva de algumas atitudes deles. Além disso, a obra conta com ótimos diálogos que captam perfeitamente o sotaque e o modo de falar carioca. A paleta de 28 cores, que foge da realidade ao mostrar pessoas em tons de azul ou Lilás, céu verde, entre outros,confere um caráter inovador à história. Escuta, Formosa Márcia realmente merece todos os prêmios nacionais e internacionais que recebeu.


4 - Dias de Areia, de Aimée de Jongh (roteiro, arte e cores) - França, 2021 - Editora no Brasil: Nemo (2022)

Dias de Areia
Trecho de Dias de Areia por Aimée de Jongh

Breve comentário: Dias de Areia é uma ficção histórica baseada nos eventos históricos da grave seca e crise agrícola que afetaram os EUA durante o final da  década de 1930, na região Dust Bowl, localizada entre Oklahoma, Kansas e Texas. Neste quadrinho, a talentosa quadrinista holandesa Aimée de Jongh apresenta John Clark, um fotojornalista de 22 anos contratado pela Administração de Segurança Agrícola, uma agência governamental responsável por auxiliar os agricultores vítimas da Grande Depressão. John deveria registrar a dramática situação dos moradores locais.


No entanto, ao longo de sua jornada, o protagonista acaba enfrentando resistência das pessoas e, aos poucos, percebe que sua atuação deveria ser mais profunda do que apenas tirar fotos. Essa experiência transforma John,que se humaniza, faz amizades, ajuda as pessoas ao seu redor  e decide se tornar uma nova pessoa. Aimée entrega uma história emotiva e sensível,  com personagens bem construídos e cativantes. Além disso, sua arte é espetacular com destaque para os cenários, expressões faciais que transmitem genuinamente os sentimentos das pessoas representadas e ótimo uso das cores. Tons quentes são utilizados para ressaltar as paisagens e os tons de amarelo e areia servem para reforçar a aridez da região onde a trama é ambientada.


5 - Retrato Falado - Um Quadrinho de Briga, de Lor (roteiro e arte) - Brasil, 1979 - Editora Mambembe Livros (2023)

Retrato Falado - Um Quadrinho de Briga
Vinheta de Retrato Falado por Lor

Breve comentário: Retrato Falado é um quadrinho produzido durante um dos momentos mais sombrios e tensos da História do Brasil: a Ditadura Civil-Militar. Nesta HQ, o médico e quadrinista Lor criou o país fictício de Rosário, que está sob comando de uma ditadura militar, em uma clara analogia ao Brasil da época. A história mostra o autoritarismo do governo de Rosário, mas decide focar na resistência ao regime que ocorre através de manifestações, lutas do movimento estudantil, greve de operários, atuação de jornalistas contrários ao governo. A obra também possui referências aos assassinatos de Vladimir Herzog e Edson Luís e aos sequestros de embaixadores estrangeiros. Deste modo, Lor transmite com maestria a realidade política e social do nosso país durante os Anos de Chumbo. O autor também trabalha muito bem com os sonhos, lutas, medos, angústias e dificuldades que muitos brasileiros enfrentaram durante o período da ditadura. No final da obra, uma frase marcante de Lor resume muito bem o seu trabalho: “Quaisquer semelhanças com pessoas vivas ou desaparecidas ou mortas são meras cicatrizes”. Retrato Falado é um forte lembrete da importância de combater as ideias que defendem o retorno da ditadura. Ditadura nunca mais! 


6 - O Grande Vazio, de Léa Murawiec (roteiro, arte e cores) - França, 2021 - Editora no Brasil: Comix Zone (2023)

O Grande Vazio
Página dupla de O Grande Vazio por Léa Murawiec

Breve comentário: O Grande Vazio é a primeira graphic novel da francesa Léa Murawiec, e foi uma baita estreia. A trama apresenta um mundo em que as pessoas precisam ser constantemente lembradas para não desaparecerem, devido à ausência de uma espécie de força chamada “Presença”. Nesse contexto, conhecemos a protagonista, Manel Naher, que possui uma homônima famosa, portanto as pessoas lembram somente da cantora Manel enquanto a personagem principal vai sendo esquecida, ou seja, ela está perdendo sua Presença. 


Em busca de uma solução, ela decide ir, com seu amigo Ali,  para o grande vazio, um espaço inexplorado além da cidade. Contudo, Manel muda de ideia e decide fazer de tudo para ter Presença e acaba conseguindo. Ela ganha um espaço na TV. Todavia, para conseguir essa visibilidade ela acabou se afastando das pessoas que eram mais importantes em sua vida, gerando graves consequências, que são trabalhadas no final da história. O Grande Vazio é um excelente quadrinho que permite diversas reflexões sobre memória, morte, luto, desigualdades sociais, medos e inseguranças da sociedade contemporânea e do mundo mediado pelas redes sociais. A obra também impressiona no aspecto visual: Léa utiliza um traço simples, mas bastante expressivo, paleta de apenas três cores (azul, branco e vermelho), técnicas criativas de lettering, dinamismo no movimento, ótima disposição de quadros nas páginas e um uso criativo e eficiente da perspectiva.


7 - Verões Felizes, de Zidrou (roteiro), Jordi Lafebre (arte e cores), Mado Peña (cores) e Clémence Sapin (cores) - França, 2015-2016 - Editora no Brasil: Pipoca e Nanquim (2023)

Verões Felizes
Parte da arte da capa de Verões Feliz por Jordi Lafebre

Breve comentário: Verões Felizes é fruto da parceria do roteirista Belga Zidrou, com o desenhista e colorista catalão Jordi Lafebre, com a colorista catalã Mado Peña e da francesa Clémence Sapin. A obra é a junção de seis álbuns focados na história da família belga Faldérault, que adora sair de férias e viajar rumo ao sul todos os anos. Pierre, o pai, é um quadrinista que sempre precisa correr contra o tempo para entregar suas páginas antes de partir.Mado, a mãe, trabalha em uma loja de sapatos onde não se sente realizada e se irrita, frequentemente, com os atrasos do marido. As crianças (ou adolescentes dependendo da parte da história) estão (quase) sempre animadas para viajar. 


A narrativa trabalha muito bem com a relação do casal, com as dinâmicas entre pais e filhos e os desafios, problemas e alegrias da vida. Verões Felizes é um ótimo exemplo de como histórias sobre o cotidiano de pessoas comuns podem resultar em belas obras, porque aborda aspectos da vida que todo mundo, cada um ao seu modo, vivencia ou vai vivenciar, criando uma forte identificação com os personagens. A arte deste quadrinho também é sensacional, com traços leves e encantadores, cores vibrantes, belos cenários que captam muito bem os momentos da  vida.


8 - Asterix e Cleópatra, de René Goscinny (roteiro) e Albert Uderzo (arte) - França, 1968 - Editora no Brasil: Record, 2015

Asterix e Cleópatra
Parte da arte da capa de Asterix e Cleópatra por Uderzo

Breve comentário: Asterix é uma das minhas séries de quadrinhos preferidas, e Asterix e Cleópatra é, certamente, um dos melhores álbuns da franquia. É também um grande exemplo da genialidade de Goscinny e Uderzo na arte de contar histórias. Neste álbum, Júlio César provoca Cleópatra ao afirmar que o povo egípcio não passa de uma sombra do que já foi no passado. Indignada, a rainha pretende mostrar para o líder romano que os egípcios ainda possuem sua grandeza e brilhantismo. Para isso, ela convoca o atrapalhado arquiteto Numerobis para projetar um belo palácio para César em um período de tempo muito curto. Percebendo que não daria conta sozinho, Numerobis parte para Gália em busca da ajuda do sábio druida Panoramix e, é claro, que Asterix e Obelix o acompanham.


O roteiro de René Goscinny é excelente, entregando uma história repleta de humor, muitas referências históricas inteligentes, brincadeiras e revisionismo com fatos históricos, críticas sociais, ação e muita diversão. Por sua vez, Albert Uderzo mostra todo seu talento como desenhista criando belos cenários, valorizando a genialidade da arquitetura egípcia, representando com fidelidade vestimentas e objetos da Antiguidade e, acima de tudo, pelo humor que consegue passar através das expressões, movimentos e atitudes dos personagens. Sem dúvidas, Asterix e Cleópatra é uma obra-prima dos irredutíveis gauleses.


9 - Na Sala dos Espelhos, de Liv Strömquist (roteiro, arte e cores) - Suécia, 2021 - Editora no Brasil: Quadrinhos na Cia. , 2023

Na Sala dos Espelhos
Vinhetas de Na Sala dos Espelhos por Liv Strömquist

Breve Comentário: A quadrinista sueca Liv Strömquis, formada em ciências sociais, é uma das minhas preferidas e já marcou presença nesta lista em 2022 e 2023, pois possui a incrível capacidade de tratar de assuntos complexos de uma maneira muito inteligente, com humor ácido e crítico, além de exemplos e análises instigantes. Tudo isso acompanhado por citações de diversos pensadores. Em Na Sala dos Espelhos: Autoimagem em transe ou beleza e autenticidade como mercadoria na era dos likes e outras encenações do eu, Strömquist reflete sobre beleza, (auto)imagem, aparência, amor e a dependência das redes sociais no mundo contemporâneo.  


A autora constrói sua análise sobre o tema a partir de diferentes figuras, fatos e contextos: fotos de Kylie Jenner, a história de Jacó, Lia e Raquel no  Gênesis, acontecimentos da vida da Imperatriz Sissi, da atriz Marilyn Monroe, da socialite Kim Kardashian e até da madrasta da Branca de Neve. Para fundamentar e enriquecer suas ideias, ela utiliza citações de obras de pensadores como René Girard, Susan Sontag, Naomi Wolf, Eva Illouz, Simone Weil, entre outros. Esta é a primeira obra totalmente colorida da autora. O uso simples e eficaz das cores aliado ao estilo cartunesco e satírico do desenho, aliado às técnicas de lettering empregadas, cria uma estética que combina perfeitamente com a premissa irreverente e crítica da obra.


 Na Sala dos Espelhos é um verdadeiro tratado sobre aparência e ilusões do eu, levando-nos a reflexões profundas sobre como nos vemos no espelho e, principalmente, sobre a nossa dinâmica nas redes sociais. É uma obra imprescindível para compreender a constante busca por validação na sociedade contemporânea.


10 - Gênero Queer: memórias, de Maia Kobabe (roteiro e arte) e Phoebe Kobabe (cores) - EUA, 2021 - Editora no Brasil: Tinta da China, 2023

Gênero Queer: Memórias
Recorte de uma página de Gênero Queer por Maia Kobabe e Phoebe Kobabe

Breve Comentário: Gênero Queer é um quadrinho autobiográfico que foi aclamado pela crítica e pelo público, mas que sofreu diversos ataques e censura por parte de grupos conservadores nos Estados Unidos. Além de sua qualidade artística, é uma obra de enorme importância para a visibilidade da população queer.


Nesta HQ, Maia conta  seu processo de autodescoberta como pessoa não-binária e assexual , abordando com sensibilidade os desafios enfrentados nesta jornada. Além disso, elu explora a relação com parentes e demais pessoas próximas. Gênero Queer questiona os padrões binários impostos pela sociedade e traz discussões relevantes sobre gênero e sexualidade que nos fazem enxergar estes temas de uma outra maneira. Além disso, a narrativa é enriquecida com ótimos desenhos, cores e com boas composições de página que deixam a leitura mais dinâmica e envolvente . É uma obra que deveria ser mais conhecida, divulgada e debatida.


Menções honrosas

Agora, vejamos 5 ótimos quadrinhos que por muito pouco não ficaram na lista principal.


1 - Mukanda Tiodora, de Marcelo D’ Salete (roteiro e arte) - Brasil, 2022 - Editora Veneta

Vinheta de Mukanda Tiodora por Marcelo D' Salete
Vinheta de Mukanda Tiodora por Marcelo D' Salete

Breve Comentário: Mukanda Tiodora é baseado em fatos reais. O quadrinista Marcelo D’Salete se inspirou na história de Teodora Dias da Cunha, uma mulher escravizada e analfabeta, que pede ajuda para Claro, um escravizado alfabetizado, para escrever cartas destinadas ao seu marido e filho, que foram levados para um local diferente do dela. Na vida real, as cartas nunca chegaram ao seu destino. Assim, a premissa de D’Salete é mostrar o que teria acontecido se as cartas de Tiodora tivessem encontrado seu esposo e filho. 


Paralelamente, o autor apresenta um retrato extremamente fiel de São Paulo na década de 1860, evidenciando as dinâmicas sociais e econômicas daquele período. O quadrinho destaca o papel da  Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, o racismo, desigualdades, os diversos ofícios exercidos pela população negra (seja livre ou escravizada), o avanço da ideias abolicionistas, com direito à participação especial de Luiz Gama. Mukanda Tiodora é um quadrinho emocionante e que valoriza a luta e resistência à escravidão.


2 - Omnibus: O Poderoso Thor, de Walter Simonson (roteiro e desenhos), Sal Buscema (desenhos), Terry Austin, Bob Wiacek, Al Milgrom, Geof Isherwood, Bret Blevins, Joe Sinnot (arte-finalistas), George Roussos, Christie Scheele, Paul Becton, Evelyn Stein (cores originais), Steve Oliff e Olyoptics 2.0 (remasterização das cores) - EUA, 1983-1987 - Editora no Brasil: Panini, 2023

Arte de Walt Simonson e Steve Oliff
Arte de Walt Simonson e Steve Oliff

Breve comentário: Thor é meu super-herói favorito da Marvel, e aguardei bastante tempo para ler esta aclamada fase do personagem, que foi lançada originalmente na década de 1980. Posso dizer que a espera valeu a pena. Walt Simonson e seus companheiros revitalizaram o Deus do Trovão, criando histórias ótimas e inesquecíveis que foram reunidas em um encadernado de 1192 páginas!


Simonson  trouxe mais elementos da mitologia nórdica e criou novos personagens como Bill Raio Beta (o primeiro a levantar o martelo Mjölnir, que tornou-se um super-herói aliado de Thor), Lorelei (a sedutora irmã de Encantor), Malekith (líder dos elfos negros) e Kurse (elfo negro modificado). Além disso, esta fase trouxe excelentes conflitos do Thor e seus aliados contra inimigos como Surtur, Hella, Jormungand (serpente de Midgard). Simonson também foi responsável por transformar Thor em sapo, algo que, à primeira vista, pode parecer ridículo, mas que o quadrinista faz funcionar muito bem. Este compilado de histórias reúne tudo que um bom quadrinho de super-herói precisa ter: tramas bem construídas, ação, batalhas épicas, vilões memoráveis, desenvolvimento de personagens, referências, equilíbrio entre humor e momentos de tensão e encontros com outros heróis da Marvel, entre outras coisas. 


O trabalho de arte de Walt Simonson e Sal Buscema também merece destaque, pois eles trabalham muito bem a representação do movimento, criam belíssimas páginas inteiras e duplas, batalhas de tirar o fôlego, com um ótimo uso das onomatopeias e posicionamento dos balões. É uma leitura muito divertida, envolvente e prazerosa.


3 - Aniquilador, de Grant Morrison (roteiro) e Frazer Irving (arte e cores) - EUA, 2015 - Editora no Brasil: Skript, 2022.

Vinheta de Aniquilador
Vinheta de Aniquilador

Breve comentário: Aniquilador é uma obra pouco conhecida de Grant Morrison, mas é mais um belo trabalho delu. Nesta obra, Morrison traz uma história bastante interessante e curiosa, marcada pelo uso da metalinguagem. 


Em Aniquilador, o protagonista, Roy Spass, é um decadente roteirista de filmes de Hollywood que está trabalhando em roteiro para tentar salvar sua carreira. Ele cria a história de Max Nomax, um aventureiro espacial. Durante seu processo criativo, o protagonista acaba se encontrando com o personagem do seu filme, e ambos precisam trabalhar juntos em uma jornada surreal para impedir a implosão total do universo. Neste contexto, realidade e ficção se entrelaçam e se fundem de maneira brilhante. Além da temática principal, Morrison aborda problemas como vícios em álcool, drogas, sexo, além de explorar questões ligadas a relacionamentos abusivos e tóxicos entre homens e mulheres. Além disso, a arte psicodélica e vibrante de Frazer Irving é incrível e engrandece a obra. Aniquilador é uma ótima história e mais um exemplo da incrível capacidade que Grant Morrison possui de escrever histórias ousadas e cheias de camadas.


4 - Mulher-Maravilha -História: As Amazonas, de Kelly Sue Deconnick (roteiro), Phil Jimenez, Gene Ha, Nicola Scott (arte), Romulo Fajardo, Arif Prianto, Hi-Fi Design, Marie Javins, Chris Conroy e Andrea Shea (cores) - EUA, 2022 - Editora no Brasil: Panini (2023)

Mulher-Maravilha - História: As Amzonas
Exemplo da belíssima arte desta história

Breve comentário: Em Mulher-Maravilha -História: As Amazonas, história do selo DC Black Label voltado para o público adulto e sem as amarras da cronologia tradicional, conhecemos a origem das lendárias amazonas sob uma nova perspectiva. Kelly Sue Deconnick apresenta as famosas guerreiras como uma criação das principais deusas da mitologia grega. As almas de várias mulheres que foram vítimas de diversas formas de violência praticadas por homens e pelo mundo do patriarcado são transformadas em uma nova e poderosa raça de mulheres. 


Nesse universo, existem tribos de amazonas, cada uma delas é dedicada a uma deusa específica. Elas atuam sob a proteção de Ártemis durante a noite, salvando e protegendo outras mulheres da violência e ignorância dos homens. Aqui, Hipólita, a futura rainha, não é originalmente uma amazona, mas conquista seu espaço entre elas ao abraçar sua cultura e demonstrar seu valor. 

O clímax da história ocorre quando os deuses descobrem a existência das mulheres guerreiras e decidem exterminá-las. Assim, temos uma batalha épica entre as amazonas e os deuses do Olimpo. Embora a trama tenha um desfecho amargo para as amazonas, o nascimento de Diana é um novo sinal de esperança. A arte deste quadrinho também merece destaque, pois Phil Jimenez (história 1), Gene Ha (história 2) e Nicola Scott (história 3) criaram belíssimas páginas com ótimos enquadramentos, disposição e sequência de vinhetas de tirar o fôlego, representação inovadora e criativa dos deuses e deusas do Olimpo. As cenas de ação são dinâmicas, violentas e impactantes, e os cenários, as expressões e a emotividade das personagens são feitas com maestria. Além disso, as cores foram muito bem aplicadas ,exercendo um papel crucial na narrativa e ampliando sua força visual. É o equilíbrio perfeito de qualidade no texto e na arte.


5 - Tex O Grande Roubo, de Claudio Nizzi (roteiro) e José Ortiz (arte) - Itália, 1993 - Editora no Brasil: Mythos (2015)

Vinheta de Tex o Grande Roubo
Vinheta de Tex o Grande Roubo

Breve comentário: O gênero de faroeste é muito interessante e, nas mãos de uma equipe criativa de qualidade, pode render grandes histórias. Esse é exatamente o caso de Claudio Nizzi e José Ortiz nesta HQ do famoso ranger dos quadrinhos Bonelli. Nesta aventura, Tex e seu inseparável parceiro Kit Carson estão a bordo de um trem do exército que transportava uma grande quantia de dinheiro em ouro. Contudo o vagão do cofre é assaltado, e os dois pards precisam encontrar os criminosos


Deixando o enredo mais interessante, descobrimos que o vagão não transportava dinheiro algum, mas sim arruelas. Para complicar ainda mais, um dos bandidos já sabia disso, introduzindo um novo mistério para os rangers resolverem. Tex O Grande Roubo tem tudo o que uma boa história de faroeste precisa ter: uma trama bem elaborada, reviravoltas, intrigas, suspense, muita ação, tiroteios, perseguições e um final surpreendente. Além do roteiro muito bem desenvolvido por Nizzi, esta história em quadrinhos conta com um belo trabalho de arte do espanhol José Ortiz. Ele domina muito bem as técnicas de hachura e de luz sombra, utiliza as variações de enquadramentos e planos de maneira brilhante para conduzir o ritmo da narrativa. Ortiz cria momentos de tensão, suspense, contemplação, valorizando tanto os cenários quanto os personagens, tornando a leitura ainda mais empolgante. 


Lista 2: Por Igor Biagioni Rodrigues (A minha segue uma ordem de preferência sim hahaha)


Introdução? Ah, você já leu a do Iuri. Finja que a minha é igual :)


10- O Homem Rabiscado, de Serge Lehman (roteiro) e Frederik Peeters (arte) - França, 2018 - Editora no Brasil: Nemo (2022)

Arte de Frederik Peeters
Arte de Frederik Peeters

Breve comentário: O Homem Rabiscado é uma história de Serge Lehman com arte de Frederik Peeters. A trama narra a história de Betty, uma editora de livros na cidade de Paris que sofre de afasia; Clara, a filha de Betty; e Maud, sua mãe. Devido a problemas no apartamento, Betty e Clara passam a morar na casa de Maud. Após a idosa sofrer um infarto e ser internada, Clara é atacada por Max, um sujeito misterioso e sobrenatural, que exige um pacote que sua avó deveria ter entregue a ele. Após esses acontecimentos bizarros, Betty e Clara viajam até a cidade natal de Maud em busca de entender mais sobre o passado da família, compreender os fatos estranhos que vêm acontecendo e impedir eventos ainda mais terríveis.É uma trama sobre mulheres, repleta de suspense, mistérios e o poder das histórias.


9 - Avatar: A Promessa, de Gene Luen Yang (roteiro) e Gurijiru (arte e cores) - EUA, 2012 - Editora no Brasil: Intrínseca (2022)

Capa de Avatar: A Promessa
Capa de Avatar: A Promessa

Breve comentário: Avatar: A Lenda de Aang é uma das melhores séries animadas já feitas. Vou além: é uma das melhores obras já criadas. É claro que seu sucesso e extrema qualidade renderiam uma expansão para outras mídias, como ocorre aqui. Avatar: A Promessa se passa um ano após os eventos da terceira temporada da animação. Agora, o Avatar Aang busca assegurar a liberdade e a harmonia, restaurando as culturas originais de cada nação. No entanto, quando sua tentativa de realocar os colonos da Nação do Fogo no Reino da Terra fracassa, o pacto entre o Senhor do Fogo Zuko e o Rei da Terra Kuei fica em risco. As tensões crescem, as divisões entre os povos aumentam, e a amizade entre Aang e Zuko é abalada por uma difícil promessa. Gene Luen Yang, em colaboração com os criadores da animação, cria uma história divertida, inteligente e digna da obra original, introduzindo eventos que terão impacto até mesmo em A Lenda de Korra.


8- Homem-Aranha: Azul, de Jeph Loeb (roteiro), Tim Sale (arte) e Steve Buccellato (cores) - EUA, 2002

Capa de Homem-Aranha: Azul por Tim Sale
Capa de Homem-Aranha: Azul por Tim Sale

Breve comentário: Jeph Loeb e Tim Sale. Só de ver a junção desses dois nomes em uma capa de quadrinho, já se pode esperar uma leitura da mais alta qualidade. Em Homem-Aranha: Azul, acompanhamos o início da carreira do Amigão da Vizinhança e o começo de seu relacionamento com Gwen Stacy. A história é contada pelo próprio Peter, que, no presente, grava uma mensagem para a já falecida Gwen. O quadrinho é extremamente sentimental e nostálgico, sendo uma grande homenagem à fase clássica de Stan Lee, Steve Ditko e John Romita com o Cabeça de Teia. Com um roteiro simples, mas singelamente emocionante e divertido, e com a belíssima arte do saudoso Tim Sale, esta história é facilmente uma das melhores do Homem-Aranha.


7- Apesar de Tudo, de Jordi Lafebre (roteiro, arte e cores) e Clémence Sapin (cores), França, 2020 - Editora no Brasil: QS Comics, 2021

Capa de Apesar de Tudo de Jordi Lafebre
Capa de Apesar de Tudo de Jordi Lafebre

Breve comentário: Subverter uma história de romance é uma tarefa difícil, mas, quando se acerta, o resultado é impressionante. Esse é o caso de Apesar de Tudo, de Jordi Lafebre. Aqui conhecemos Ana e Zeno, duas pessoas que se amam, mas possuem personalidades bem distintas. Ana fincou fortemente suas raízes em sua terra natal, enquanto Zeno adora viajar pelo mundo. Por isso, vivem se desencontrando. Porém, sempre que se encontram, o laço entre eles é tão forte que nem o tempo nem a distância são capazes de atrapalhar. A forma como a história é contada — de trás para frente — é um ótimo artifício narrativo e faz total sentido dentro da trama e de sua temática. A arte de Lafebre é um deleite para os olhos, e a escolha das cores torna este universo ainda mais mágico. Uma excelente leitura para fãs de romance, ou até mesmo para quem não é.


6-Tex: O Cavaleiro Solitário, de Claudio Nizzi (roteiro) e Joe Kubert (arte) - Itália, 2001 - Editora no Brasil: Salvat (2017)

Vinhetas de Tex: O Cavaleiro Solitário- Arte de Joe Kubert
Vinhetas de Tex: O Cavaleiro Solitário- Arte de Joe Kubert

Breve comentário: Um enredo pesado, uma trama violenta, repleta de vingança, sangue e solidão. É disso que trata uma das HQs mais vendidas do ranger mais famoso do mundo. Neste quadrinho, uma família de amigos de Tex é assassinada por uma trupe de bandidos. Willer jura vingança e começa a perseguir os criminosos, que se separam e fogem para quatro cidades diferentes. O roteiro de Claudio Nizzi serve de forma impressionante à arte do desenhista convidado de peso, Joe Kubert. O tom mais violento de Nizzi combina perfeitamente com os “traços duros” de Kubert, e as subtramas presentes em cada uma das cidades pelas quais Tex passa são bastante interessantes. Uma ótima opção para quem deseja ler um western mais denso.


5- O Destino de Patinhas, de Fabio Celoni (roteiro e arte) e Luca Merli (cores) - Itália, 2022/2023 - Editora no Brasil: Panini (2024)

Capa de o Destino de Patinhas por Fabio Celoni
Capa de o Destino de Patinhas por Fabio Celoni

Breve comentário: Após ser engambelado pelos Irmãos Metralha, Tio Patinhas está falido. E, se isso não bastasse, ele é desafiado pelo Fantasma do Destino a recuperar toda a sua riqueza a partir do zero. Caso não consiga, perderá também suas memórias. Então, o pato pão-duro mais carismático dos quadrinhos parte em quatro aventuras ao lado de seus sobrinhos Donald, Huguinho, Zezinho e Luisinho para recuperar sua fortuna e não perder algo mais precioso do que ela: suas lembranças. Este quadrinho marca a estreia de Fabio Celoni como roteirista, que entrega uma história emocionante e divertida, com enquadramentos cinematográficos, referências às histórias clássicas de Patinhas e o excelente trabalho de cores de  Luca Merli. Certamente, é um clássico Disneyano instantâneo.


4- A Cegueira Iminente de Billie Scott, de Zoe Thorogood (roteiro e arte) - Reino Unido 2022, Editora no Brasil: Conrad (2023)


Vinheta de A Cegueira Iminente de Billie Scott
Vinheta de A Cegueira Iminente de Billie Scott

Breve comentário: Imagine que você é uma artista e seu sonho é que suas obras sejam expostas em uma galeria, mas, quando isso finalmente acontece, um acidente ocorre e você descobre que está ficando cega. Essa é a situação em que Billie Scott se encontra na trama deste excelente quadrinho da novata e talentosíssima Zoe Thorogood. Billie é uma garota reclusa, mas, depois de anos se esforçando, a renomada galeria que aceita expor suas obras pede que ela envie dez novos quadros. Na iminência de ficar cega, ela enfrenta uma crise criativa e a síndrome do impostor. Decidida a pintar esses quadros antes de perder completamente a visão, Billie embarca em uma jornada de autodescoberta e exploração do mundo, em busca das pessoas mais interessantes que possa conhecer, conectar-se e desenhar.O quadrinho ultrapassa a narrativa convencional de um drama, não sendo apenas uma história comum de superação. A arte de Zoe nos cativa do começo ao fim, seja por seu estilo de desenho ou pelo excelente uso de cores. A Cegueira Iminente de Billie Scott é uma obra surpreendente sobre aprendizado, arte e autoconhecimento.


3- Gotham DPGC, de Ed Brubaker e Greg Rucka (roteiro), Michael Lark (arte) e Noelle Giddings, Matt Hollingsworth e Lee Loughridge (cores) -Estados Unidos 2003/2005- Editora no Brasil: Panini (2024).

Capa de Gotham DPGC
Capa de Gotham DPGC

Breve comentário: Imagine ser policial em Gotham. Além de lidar com todos os lunáticos fantasiados, você vive à sombra do Batman. E, como se não bastasse, grande parte da polícia é corrupta. Mas esse não é o caso do Departamento de Crimes Hediondos. Nesta excelente série de Ed Brubaker e Greg Rucka (roteiro), com Michael Lark (arte) e cores de Noelle Giddings, Matt Hollingsworth, Lee Loughridge, entre outros, acompanhamos o departamento que lida diretamente com o lado mais violento de Gotham. Vislumbramos seus casos e missões, mas também seu dia a dia. Os autores fazem um ótimo trabalho humanizando os policiais, mostrando seus dramas, amores, humores e emoções, além de nos oferecerem uma nova ótica sobre Gotham. Tudo isso é embalado por um clima noir que fecha a narrativa com chave de ouro.


2- Antes de Watchmen: Minutemen e Espectral, de Darwyn Cooke (roteiro e arte), Phil Noto (cores) e Darwyn Cooke e Amanda Conner (roteiro), Amanda Conner (arte) e Paul Mounts (cores). Estados Unidos 2012 -Editora no Brasil- Panini (2013).

Vinhetas de Antes de Watchmen: Minutemen
Vinhetas de Antes de Watchmen: Minutemen

Breve comentário: Antes de Watchmen: Minutemen foi escrita e desenhada pelo excelente Darwyn Cooke (A Nova Fronteira). Nessas seis edições, conhecemos ainda mais sobre o grupo de heróis que foram os precursores do universo criado por Alan Moore e Dave Gibbons. Utilizando uma ótima estratégia narrativa, a história nos é apresentada através da escrita de Hollis Mason em seu livro Sob o Capuz. Apesar de a ferramenta narrativa utilizar Hollis para introduzir a trama, a história equilibra muito bem o desenvolvimento de todos os personagens: Justiça Encapuzada, Espectral (Sally Jupiter), Comediante (Eddie Blake), Traça (Byron Lewis), Dollar Bill (William Brady), Silhouette (Ursula Zandt) e Capitão Metrópole (Nelson Gardner). Cooke, além de desenvolver esses personagens, trabalha temas políticos, religiosos, sexuais e sociais com excelência. O traço, somado à excelente paleta de cores do colorista Phil Noto, é digno da qualidade da obra original.


Antes de Watchmen: Espectral conta com Darwyn Cooke em parceria com a roteirista e desenhista Amanda Conner. Eles ficaram responsáveis por criar a história de origem da personagem com menos desenvolvimento na série original: Espectral II (Laurie Jupiter). Em uma minissérie de quatro edições, os dois criam uma trama mais contida, um coming of age para a protagonista, expandindo o universo de Watchmen e construindo uma personagem muito interessante. A história se passa nos anos 60, refletindo essa década tanto nas cores quanto nas temáticas. O vilão quer utilizar drogas para viciar os jovens e aumentar o consumo. A arte de Conner é um grande destaque, especialmente no uso inventivo para representar os efeitos de uma viagem lisérgica, mesmo respeitando o famoso layout de nove quadros das páginas de Watchmen. Apesar de mais simples, esta minissérie é um ótimo trabalho, sendo eficaz ao desenvolver uma personagem que, na obra original, teve menos destaque.


1-Retalhos, de Craig Thompson (roteiro e arte) -Estados Unidos 2003- Editora no Brasil: Cia. das Letras (2009).

Vinheta de Retalhos
Vinheta de Retalhos

Breve Comentário:Neste excelente quadrinho, Craig Thompson narra sua trajetória pessoal, desde a infância até o início da vida adulta, em uma pequena cidade de Wisconsin, no centro dos Estados Unidos. Seu crescimento é marcado por um forte temor a Deus, transmitido por sua família, escola, pastor e pelas passagens bíblicas trágicas que lê. Esse temor entra em conflito com seus próprios desejos, como o de se expressar por meio do desenho. Ao mesmo tempo, ele descreve sua relação com o irmão mais novo. Conforme envelhecem, os dois se distanciam, um processo que o autor narra com grande sensibilidade. Durante a adolescência, seus desejos se expandem e se concretizam em Raina, uma jovem viva, poética e impulsiva — quase o oposto de Thompson —, com quem ele começa um relacionamento que transformará suas percepções sobre a família, Deus, o futuro e, finalmente, o amor. Uma história extremamente sentimental e muito intimista, com discussões e temáticas muito interessantes sobre religião, sexo e arte.


Menções honrosas:


A galerinha que é excelente também, e por pouco não entraram no top 10!


5- Batman/Dylan Dog, de Roberto Recchioni (roteiro), Werther Dell’Edera (desenhos), Gigi Cavenago (arte-final e cores), Giovanna Niro e Laura Ciondolini (cores) – Itália, 2019 – Editora no Brasil: Panini (2024)

Capa de Batman & Dylan Dog
Capa de Batman & Dylan Dog

Breve comentário: Crossovers são divertidos e legais quando acontecem, mas, convenhamos, na maioria das vezes a qualidade deixa a desejar. Não é o caso desta história. Na trama, o Cavaleiro das Trevas se une ao Detetive do Pesadelo para enfrentar seus maiores inimigos: Coringa e Dr. Xabaras. Passeamos por Londres e Gotham para desvendar um mistério envolvendo o retorno de uma terrível ameaça. Além disso, somos agraciados com participações especiais muito interessantes. O trabalho dos artistas italianos Roberto Recchioni, Werther Dell’Edera e Gigi Cavenago explora de forma inteligente as diferenças e semelhanças não apenas entre os dois personagens, mas também entre os universos que os envolvem. Por mais crossovers assim!


4- O Menino Quadradinho, de Ziraldo (roteiro, arte e cores) - Brasil, 1989 – Editora: Melhoramentos (2023)

Vinheta de O Menino Quadradinho
Vinheta de O Menino Quadradinho

Breve comentário: Ziraldo é um gênio. Ziraldo é o melhor quadrinista que este país possui (sim, utilizo o verbo no presente propositalmente), e o quadrinho em questão é um ótimo argumento a favor dessa afirmação. A trama é sobre um garoto que vive extremamente feliz dentro de um quadrinho, até que tudo desaparece e ele encontra as palavras, que nunca havia conhecido. Mas a obra é um quadrinho? É um livro? Eu diria que é ambos, repleto de homenagens à nona arte e tudo o que a envolve. A arte de Ziraldo é um desbunde, e a narrativa é surpreendente.


3- Look Back, de Tatsuki Fujimoto (roteiro e arte) -Japão 2021- Editora no Brasil: Panini (2023)

Vinhetas de Look Back
Vinhetas de Look Back

Breve comentário: Tatsuki Fujimoto pode ter sua fama totalmente atrelada a Chainsaw Man, mas sua melhor obra é Look Back. O mangá conta a história de Fujino e Kyomoto, duas garotas totalmente diferentes, mas com uma paixão em comum: desenhar mangás. Apesar de suas diferenças, essa paixão as une, e a obra metalinguística de Fujimoto apresenta uma história sobre arte, competição, dedicação, amizade, amor e drama. Transitando entre momentos fofos, cômicos e emocionantes, Look Back é um mangá que mostra como duas pessoas completamente diferentes podem se unir por um interesse em comum.


2- Batman: Louco Amor, de Paul Dini (roteiro), Bruce Timm (desenhos, arte-final e capa) e Rick Taylor (cores) -Estados Unidos 1994- Editora no Brasil: Panini (2024).

Capa de Louco Amor
Capa de Louco Amor

Breve Comentário: Bruce Timm e Paul Dini são nomes de peso quando se trata do Cavaleiro das Trevas. Os dois são responsáveis pela melhor versão do morcego fora dos quadrinhos — sim, refiro-me a Batman: A Série Animada. Foi justamente nessa excelente animação que uma das personagens mais icônicas da DC Comics e da cultura pop como um todo surgiu: Arlequina. Nesta HQ, acompanhamos sua origem em uma trama divertidíssima, em que ela tenta provar seu amor ao Coringa eliminando, sozinha, o Batman. Ao mesmo tempo, conhecemos o passado de Harley até se tornar a parceira do Palhaço do Crime. O roteiro de Paul Dini é certeiro, e os desenhos de Timm, com sua interessante composição gráfica das páginas, não ficam atrás, entregando um entretenimento digno da animação e da própria Arlequina.


1- Apanhadores de Sapo, de Jeff Lemire (roteiro e arte) -Canadá 2019- Editora no Brasil: Mino (2019).

Vinheta de Apanhadores de Sapo
Vinheta de Apanhadores de Sapo

Breve comentário: Jeff Lemire é um dos melhores quadrinistas autorais dos últimos tempos. Quase sempre retratando histórias de cunho intimista e/ou de ficção científica, Apanhadores de Sapo se afasta um pouco desses modelos narrativos tradicionais do autor. Aqui, a história é mais fantasiosa e narra a jornada de um homem e um garoto fugindo de um hotel repleto de homens-sapo malignos que os perseguem. Através desse mundo de fantasia, Lemire nos faz refletir sobre o passar e o fim da vida. A arte é lindíssima e a mais solta do autor até o momento. A leitura é rápida devido aos pouquíssimos diálogos presentes, mas continua sendo uma obra impactante e que faz jus à carreira do autor canadense.



Ufa! Com isso chegamos ao fim. Muito obrigado por acompanhar o Desenhando Recordatórios neste ano. Que o próximo ano seja repleto de quadrinhos e boas leituras, valeu!


Desejamos um feliz e fraterno ano novo para todo mundo!


Igor e Iuri Biagioni :)


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