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Foto do escritorIuri Biagioni Rodrigues

Crítica: Os 300 de Esparta (HQ)

Atualizado: 1 de mai.

Aqui, pela lei espartana, nós jazemos.


Por: Iuri Biagioni Rodrigues



(Cena da HQ Os 300 de Esparta por Frank Miller e Lynn Varley)


As Guerras Médicas ou Greco-Persas constituem um dos conflitos bélicos mais famosos, conhecidos, interessantes e sangrentos da história. Dentre suas batalhas, a mais conhecida é a Batalha das Termópilas, ocorrida no desfiladeiro de mesmo nome no ano de 480 a.C.


Os 300 de Esparta de Frank Miller (roteiro e arte) e Lynn Varley (cores) retrata justamente a Batalha das Termópilas, na qual 300 espartanos e aliados liderados pelo Rei Leônidas enfrentam o enorme exército persa do Rei Xerxes. Para a criação do quadrinho, Miller inspirou-se no filme "300 de Esparta" (no original: "300 Spartans"), longa de 1962, filmado na Grécia e dirigido por Rudolph Maté. Como referência bibliográfica, o quadrinista utilizou os livros "Lion in the Gateway: The Heroic Battles of the Greeks and Persians at Marathon, Salamis and Thermopylae" (O leão no portal: As batalhas heróicas de gregos e persas em Maratona, Salamina e Termópilas” que é um romance histórico escrito por Mary Reanult, Warfare in the Classical World", de John Gibson Warry, que fala sobre trajes de batalha e armas usadas por gregos e romanos. Por último, mas não menos importante, Miller também se baseou no trabalho de Heródoto (que não é uma fonte muito confiável).


Assim, não espere por fidelidade histórica nesta HQ, pois este não é seu objetivo. Suas finalidades são o entretenimento e contar uma boa história. A obra apresenta diversos anacronismos como Xerxes cheio de piercings, no final dos combates, os 300 não enfrentaram os persas sozinhos, espartanos lutando seminus e elefantes na batalha. No meu ponto de vista estes “erros históricos” são, na verdade, uma liberdade criativa por parte de Frank Miller para tornar a história mais atrativa e interessante.


Apesar dos anacronismos, o quadrinho também contém elementos verídicos como a educação espartana voltada para a guerra, o espírito guerreiro dos espartanos, a formação de falanges, a presença do traidor Efialtes e a resistência dos soldados de Leônidas que foi importante para o enfraquecimento dos persas.


O roteiro de Miller é muito bem desenvolvido, cheio de ação e é bem empolgante. Quando você começa a ler a HQ, não consegue largar, pois a história te prende, o que evidencia a genialidade do quadrinista estadunidense em construir ótimas narrativas. A história começa com uma rápida ambientação e apresentação de personagens. Na sequência, temos flashbacks da infância de Leônidas enfrentando um lobo (metáfora para o Império Persa), vemos um pouco da pólis de Esparta, depois passamos pela marcha e preparação dos soldados e, finalmente, chegamos no ponto principal que é o combate entre gregos e persas no desfiladeiro das Termópilas.

Os balões de fala e os recordatórios são econômicos, porém muito eficientes. Destaque para momentos como: Xerxes pedindo a rendição dos espartanos e a entrega de suas armas e Leônidas respondendo “persas, venham buscá-las”. Aliás, o uso de poucas falas combina com o estilo de vida espartano, porque eles só podiam falar com autorização de alguém mais velho, tanto que os gregos antigos acreditavam que era mais fácil ouvir uma estátua falar do que um lacônico. Então, como falavam pouco, os espartanos acabavam fazendo isso com muita precisão e concisão. Essas características estão nítidas na história de Miller. Toda vez que um espartano fala, é uma frase forte, pontual e precisa, principalmente, quando se trata do protagonista Leônidas.


(Trecho da HQ Os 300 de Esparta: "This is Sparta" - de Frank Miller e Lynn Varley)


(Espartanos enfrentando os Imortais do exército de Xerxes Por Frank Miller e Lynn Varley)


Os desenhos de Miller são ótimos e retratam muito bem o conflito. Além disso, ele utiliza um layout de páginas bem inteligente, no qual, temos vinhetas de diversos formatos, estilos e tamanhos e, muitas vezes, há apenas um quadro grande por página (edição de luxo em formato horizontal). Essa composição valoriza as cenas de luta, cria uma ideia de dinamicidade, movimento e enriquece a trama. A arte utiliza um jogo de luz e sombra que realça as ações e expressões dos personagens.


Lynn Varley dá um show nas cores! a colorista utiliza tons pastel e fortes tonalidades de marrom e vermelho. A paleta de cores combina muito bem com a narrativa e cria um ambiente épico e árduo para a luta representada.




(Rei Leônidas em 300 por Frank Miller e Lynn Varley)


Neste clássico da nona arte, Miller e Varley mostraram que apesar de Leônidas e seus 300 terem perdido a batalha, conseguiram uma vitória muito maior: eles entraram para a história e tornaram-se símbolos de resistência por causa da honra, dever, glória, combate e vitória. (Títulos dos 5 capítulos da HQ).


Em suma, Os 300 de Esparta é uma excelente Graphic Novel que conta com uma narrativa cinematográfica. É uma obra ideal para os fãs de ação, de batalhas épicas, história e, obviamente, de um quadrinho bem feito!


Para quem só se importa com números:

Nota = 10/10


Prêmios vencidos por 300:

Eisner (1999): melhor minissérie,

Eisner (1999): melhor escritor/artista – Frank Miller

Eisner (1999): melhor colorista – Lynn Varley

Harvey (1999): melhor minissérie

Harvey (1999): melhor colorista. – Lynn Varley

Festival Internacional de Quadrinhos de Barcelona (2000): melhor álbum estrangeiro.


Dados da HQ:

Roteiro e arte: Frank Miller

Cores: Lynn Varley

Editora Original: Dark Horse

Editoras no Brasil: Abril e Devir (edição atual)

Ano de publicação original: 1998

Nº de páginas: 96 (Devir)

Tradução e revisão (Devir): Marquito Maia

Adaptação (Devir): Kleber de Sousa

Editor (Devir):

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