Crítica | “Demolidor: Renascido – 1X03: A Palma da Sua Mão”
- Igor Biagioni Rodrigues
- 17 de mar.
- 3 min de leitura
Um tigre no tribunal.
Por Igor Biagioni Rodrigues.
Contém spoilers.
Após o final impactante do segundo episódio, o terceiro é um pequeno banho de água fria. Gostaria de começar com um disclaimer: gosto muito de “filmes de tribunal”, de “Doze Homens e Uma Sentença” a “Anatomia de Uma Queda”, então um episódio nesse tom, justamente com o Demolidor, sempre soa interessante. Porém, em “A Palma da Sua Mão”, estamos diante de um episódio que possuía um bom potencial, mas que acaba se tornando acelerado e óbvio demais.
Após Hector Ayala ser acusado de matar um policial, todo o episódio gira em torno do julgamento do personagem, que, como eu disse, infelizmente, é corrido demais. A luta de Matt contra os policiais é resolvida com simples ameaças dentro do banheiro, com o famoso “ninguém vai acreditar se você contar”. Além disso, alguns clichês são mal utilizados aqui, como o difícil transporte da testemunha até o tribunal, a desistência da testemunha na hora de depor, a mudança de estratégia de defesa no último segundo, o depoimento melancólico do acusado que gera um impacto no júri, e a resolução que ocorre de uma hora para outra, sem muitas complicações. A trama poderia se alongar por mais tempo e entregar um desfecho mais bem trabalhado.
Mas nem tudo é ruim, pelo contrário. O ponto forte desse capítulo é Kamar de los Reyes. O ator, um herói na vida real que infelizmente veio a falecer em dezembro de 2023, vítima de um câncer, tem aqui sua despedida do audiovisual, que não poderia ser melhor. Com seu pouco tempo de tela (merecia bem mais, convenhamos), ele consegue entregar a essência nobre de seu personagem. Sua conversa com Matt (Charlie Cox sempre se sai bem nas atuações dramáticas) sobre a ilha Luquillo e, depois, sobre o Tigre Branco não ser simplesmente um uniforme, mas sim quem ele realmente é, resultam em dois dos melhores diálogos da série até o momento.
Do lado de Wilson Fisk, as coisas continuam interessantes, principalmente sua atual relação ciumenta com Vanessa – não tanto por ela tê-lo traído (adultério) após seu sumiço, mas por ter assumido sua posição de poder como chefe do crime em Nova York. Essa cisma cresce ainda mais quando Vanessa tenta amenizar/consertar problemas entre duas gangues sem consultar Fisk primeiro. Tudo isso sendo debatido antes de uma terapia de casal chega a ser engraçado. Além disso, destaco o fato de que, em muitas das cenas em que Fisk aparece, o vemos comendo – e já foi dito por Matt que ele perdeu peso –, simbolizando uma mudança do personagem. Mas até que ponto isso é só fachada?
Ademais, o episódio termina com uma declaração do Rei do Crime sobre a absolvição de Hector Ayala e seu posicionamento fortemente contrário aos vigilantes, servindo como uma declaração de guerra direta a Matt Murdock. Espero que ele demore um pouco mais para voltar a usar o traje de Demolidor, e que isso ocorra por um motivo melhor e mais profundo do que apenas sua rixa com o prefeito. Além disso, temos o assassinato do Tigre Branco por alguém que ostenta no peito o desenho de uma caveira (espero que seja mais uma pessoa que se apossou do símbolo do Justiceiro – a série vem trabalhando bem essa questão como referência a acontecimentos da vida real – e não o próprio Frank Castle, porque, se for, teremos um problema).
P.S.: Os créditos se encerrarem ao som dos sapos da ilha Luquillo só tornaram a despedida de Hector Ayala e, principalmente, de Kamar de los Reyes ainda mais forte.
Para quem só se importa com números:
Nota- 6/10.
Ficha técnica:
Título Original: Daredevil: Born Again 1X03: The Hollow of His Hand
País de Origem: Estados Unidos
Roteiro: Jill Blankenship
Direção: Michael Cuesta
Classificação: 16 anos
Duração: 47 min.
Elenco:
Charlie Cox
Vincent D’Onofrio
Margarita Levieva
Deborah Ann Woll
Elden Henson
Wilson Bethel
Zabryna Guevara
Nikki M. James
Genneya Walton
Arty Froushan
Clark Johnson
Michael Gandolfini
Ayelet Zurer
Kamar de los Reyes
Michael Gaston
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