Crítica | “Demolidor: Renascido – 1X05 e 1X06: Com Juros/Força Excessiva” (2025).
- Igor Biagioni Rodrigues
- 15 de abr.
- 4 min de leitura
O que está acontecendo aqui?
Por Igor Biagioni Rodrigues.

Sabe-se lá por que o Disney+ decidiu lançar esses dois episódios juntos, mas já faz um tempo que desisti de tentar entender a estratégia de lançamento dos streamings.
Enfim, dividi o texto em duas partes: a primeira é a crítica do quinto episódio, “Com Juros”, e a segunda parte, a crítica do sexto, “Força Excessiva”. Sem mais delongas, vamos ao que interessa.

Eu admito: gosto de bottle episodes. Nas séries televisivas com formato episódico, um "episódio de garrafa" é uma produção feita com baixo custo e estrutura limitada, pensada para utilizar o mínimo possível de elenco principal, efeitos visuais e locações. Esse tipo de episódio normalmente é gravado em cenários já existentes da série — geralmente os principais ambientes internos — e foca em diálogos e cenas que não exigem preparação complexa. Eles costumam ser usados como solução emergencial, seja quando um roteiro falha e precisa ser substituído rapidamente, seja por causa de cortes no orçamento. Além disso, episódios de garrafa também podem ser empregados com fins dramáticos, pois o ambiente reduzido e o número restrito de personagens favorecem um ritmo mais introspectivo e uma análise mais profunda de suas personalidades e motivações. Existem ótimos exemplos disso, como o polêmico, mas ótimo “Fly”, décimo episódio da terceira temporada de Breaking Bad, e o excelente segundo episódio da terceira temporada de Friends, “The One Where Nobody's Ready”.
Mas o quinto episódio de “Demolidor: Renascido” é diferente. Ele simplesmente complica as coisas ao ser assim. Não me entendam mal: como um episódio isolado, ele realmente seria bom, mas, dentro de uma série que apresenta tramas que precisam ser trabalhadas e um vilão — o Muse — que foi introduzido quase na metade da série, um episódio que não acrescenta muito à narrativa principal é, a meu ver, um problema.
Sim, há uma pequena conexão com o restante da temporada, uma vez que o assalto ao banco está relacionado aos valores devidos por Luca, já mencionados nos episódios anteriores. Porém, apenas isso. O resto do episódio serve para conectar o Demolidor ao restante do MCU novamente, uma vez que, ao ir ao banco pedir um empréstimo, Matt Murdock é atendido por ninguém menos que Yusuf Khan (Mohan Kapur), o carismático pai de Kamala Khan, a Ms. Marvel.

Como disse, separado de uma temporada que mais parece uma colcha de retalhos — que mistura aquilo que era com aquilo que poderia ser —, o capítulo mostra Matt usando seus poderes de maneira criativa, sem estar trajado como o Diabo da Guarda, para impedir o assalto com a ajuda de Yusuf. Mostra que a série poderia ser muito mais interessante se focasse em episódios assim, em vez de tentar emular aquilo que as temporadas anteriores produzidas pela Netflix fizeram com maestria. Mas já que a decisão foi essa, que ao menos seguissem com esse plano o tempo todo — e não apostassem nesse remendo de ideias que mais atrapalham do que ajudam.
No fim, o episódio se encerra de maneira acelerada. E, dentro de uma temporada cheia de “ok, isso é bacana, mas poderia ser ainda mais”, “Com Juros” complica ainda mais as coisas para uma série que, chegando à metade, não consegue ir muito além do medíocre.
Para quem só se importa com números:
Nota- 5/10.

Novamente, um episódio cheio de boas ideias, mas a execução… é, no mínimo, corrida. Após a morte de seu tio, Angela del Toro começa a dar prosseguimento às investigações dos desaparecimentos que têm acontecido na cidade, uma vez que Matt não deu muita atenção às informações que a garota passou para ele. Com isso, ela acaba se tornando mais uma vítima do serial killer grafiteiro, Muse.
E é por causa disso que Murdock veste novamente o uniforme do Demolidor. Não que a situação não seja extremamente necessária, mas eu gostaria que esse retorno tivesse acontecido mais para frente — e convenhamos que a maneira como foi feita deixou, e muito, a desejar, com uma cena do herói correndo pelos prédios feita com CGI. Do outro lado, ao descobrir que as pichações que estão aparecendo cada vez mais na cidade contêm sangue humano, isso se torna o motivo perfeito para que o prefeito Fisk crie sua força-tarefa policial contra vigilantes, que responde apenas a ele. Sim, uma ideia interessante — e todo o conceito que envolve o Muse também é. A questão é que as coisas acontecem de forma muito acelerada. Não temos apenas essas três situações, mas também a festa, a dupla aparição do Espadachim (Tony Dalton) — em seu traje e também conversando com Fisk —, o embate do Demolidor com o serial killer e o confronto do Rei do Crime com Adam. São todos acontecimentos importantes e interessantes, mas que deveriam ter acontecido de forma mais espaçada e bem trabalhada.
Falando do confronto do Rei do Crime com Adam, uma das coisas que a série tem feito com relativa boa qualidade é o paralelismo entre Murdock e Fisk. Montar as lutas com cortes de um para o outro é bem funcional nesse aspecto, mostrando que os dois arqui-inimigos estão voltando a ser o que eram — ou melhor, se entregando aos seus lados mais sombrios e selvagens.
Em suma, “Força Excessiva” é um episódio melhor que o anterior, com ideias promissoras, porém, sem grandes lapsos de grandeza, mantendo-se cada vez mais numa linha bem tênue e mediana.
Para quem só se importa com números:
Nota- 6/10.
Ficha Técnica:
Título Original: Daredevil: Born Again 1X05/06: With Interest/Excessive Force
País de Origem: Estados Unidos
Showrunner: Dario Scardapane
Roteiro: Grainne Godfree (1X05); Thomas Wong (1X06)
Direção: Jeffrey Nachmanoff (1X05), David Boyd (1X06)
Classificação: 18 anos.
Duração: 42 min. (1X05), 45 min. (1X06)
Elenco:
Charlie Cox
Vincent D’Onofrio
Margarita Levieva
Zabryna Guevara
Nikki M. James
Genneya Walton
Arty Froushan
Michael Gandolfini
Clark Johnson
Ayelet Zurer
Michael Gaston
Hamish Allan-Headley
Camila Rodriguez
Ruibo Qian
Lou Taylor Pucci
Mohan Kapur
Tony Dalton
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