Crítica | Wicked: Parte II (2025)
- Igor Biagioni Rodrigues

- 24 de nov.
- 3 min de leitura
Acabou a magia...
Por Igor Biagioni Rodrigues.

Após a surpreendentemente ótima primeira parte de Wicked, as expectativas para a segunda parte eram boas. Mas, no final, não foi somente a Elphaba que tomou um banho de água fria.
“Wicked: Parte II” apresenta a conclusão da história ainda não revelada das bruxas de Oz. Separadas, Elphaba e Glinda precisam lidar com as consequências de suas escolhas. Enquanto Elphaba continua sendo tratada como a temida Bruxa Má do Oeste e se isola nas florestas de Oz, Glinda desfruta do prestígio de ser vista como a personificação da Bondade, vivendo no palácio da Cidade das Esmeraldas e aproveitando a fama e a admiração do povo. Quando Glinda tenta promover uma reaproximação entre Elphaba e o Mágico, a situação acaba se agravando e afastando ainda mais as duas. A chegada inesperada de uma jovem do Kansas muda completamente o rumo dos acontecimentos, e a crescente hostilidade popular contra a Bruxa Má força as antigas amigas a unirem forças mais uma vez.
Se um dos vários méritos do primeiro filme era a fidelidade ao seu material original (o musical), talvez seja esse justamente o problema da segunda parte. O problema já vem da origem. Não estou falando que deveriam ter ignorado o material base e refeito tudo do zero; não, o respeito pela fonte é justamente uma das coisas mais notáveis dessa versão audiovisual de Wicked. O problema é que essa segunda parte já era esperada que tivesse um decaimento, só que, no momento em que Wicked (o filme) populariza de uma forma absurda a obra (que bom que isso aconteceu, e que mais e mais pessoas tenham a oportunidade de assistir ao musical), as expectativas em cima dessa continuação crescem de maneiras exacerbadas, o que gera uma grande pressão na produção. Só que, novamente, não se tem material de qualidade o suficiente para atender tudo isso.

Há muito a ser explorado em sua trama. Na primeira parte, temos a apresentação de um universo e de seus personagens, e o desenvolvimento dos mesmos. Aqui, a trama se foca em uma guerra ideológica e política sobre desinformação e propaganda de um sistema totalitário. A primeira parte já abordava isso, mas focava mais em conflitos de uma trama adolescente. Aqui, com muito a se mostrar e acontecer, os eventos vão sendo desenvolvidos de maneira muito rápida. Além de, claro, tentarem se conectar aos eventos do “O Mágico de Oz” original (não conseguem), acelera tudo mais ainda.
Em relação às músicas, nenhuma aqui é marcante e só servem como uma quebra de ritmo dentro de uma narrativa que tem muito a se explorar, e para demonstrar as excelentes habilidades vocais de Chyntia Erivo e, claro, de Ariana Grande. Porém, a cada canção que se inicia, há a tentativa de trazer um peso grande para elas, como no primeiro, ou a sensação de estarmos presenciando eventos épicos, mas, novamente, não é o que realmente acontece.
Nem tudo é ruim em “Wicked: Parte II”. A escolha de elenco é excelente. Cyntia Erivo continua tendo uma grande presença de tela e sendo o destaque. Os coadjuvantes Jonathan Bailey, Jeff Goldblum e Michelle Yeoh continuam cativantes, mas a verdadeira surpresa que esses dois longas de Wicked trouxeram foi Ariana Grande.
Toda a parte técnica também é notável. A direção de arte e o design de produção entregam excelentes figurinos, cenários e maquiagens. Os efeitos especiais também não deixam a desejar, criando momentos brilhantes com fogos de artifício coloridos, nuvens fofas e flores que viram fadas. Além disso, o trabalho de enquadramento de Jon M. Chu é muito interessante, vide a cena em que Glinda, a menina da bolha, está cantando. Os movimentos de câmera pelos espelhos são como um truque de um ilusionista.

Mas, voltando justamente para a temática política de Wicked, é justamente naquilo que vinha sendo trabalhado que faz com que seu final seja agridoce. Elphaba era um símbolo de resistência contra um governo que transformava diferença em ameaça política e que acaba por desistir de lutar por aquilo que acreditava, simplesmente aceitando que a mudança deve ocorrer deixando o próprio sistema vencer.
No fim, o melhor que Wicked nos deu foi o final da primeira parte, quando terminamos o filme acreditando que também podemos desafiar a gravidade.
Para quem só se importa com números:
Nota- 6/10.
Ficha Técnica:
Título Original: Wicked: For Good
País de Origem: Estados Unidos
Roteiro: Dana Fox (baseado no livro de Gregory Maguire, no livro de Winnie Holzman e no musical de Stephen Schwartz)
Direção: Jon M. Chu
Duração: 137 min.
Classificação: 10 anos
Elenco:
Cynthia Erivo como Elphaba
Ariana Grande como Glinda
Jonathan Bailey como Fiyero
Ethan Slater como Boq
Bowen Yang como Pfannee
Marissa Bode como Nessarose
Michelle Yeoh como Madame Morrible
Jeff Goldblum como O Mágico de Oz







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