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Conhecendo os quadrinhos parte 3: Introdução à linguagem e seus elementos

Atualizado: 2 de out. de 2023

Vamos conhecer um pouco mais sobre a linguagem dos quadrinhos!

Por: Iuri Biagioni Rodrigues


Já vimos um pouco sobre os diferentes nomes que os quadrinhos recebem nos diferentes países (aqui) e sobre a história de origem da nona arte (aqui). Agora, veremos um pouco sobre a linguagem dos quadrinhos e seus elementos.


Afinal, o que são quadrinhos?

A definição mais popular é aquela que define os quadrinhos como sendo uma forma de contar histórias através de imagens e texto em sequência. O termo que foi difundido pelo grande quadrinista Will Eisner para referir-se às HQs foi Arte Sequencial e reforça a ideia que acabamos de ver.


No entanto, esta definição apresenta alguns problemas. Vejamos:

1- Nem toda HQ possui texto para contar sua história. Os chamados quadrinhos mudos contam suas histórias sem utilizar-se de balões e recordatórios.

2- Uma Fotonovela também pode ser considerada uma arte sequencial. (Cinema também)

3- Hoje, sabemos que a simultaneidade é tão importante quanto a sequencialidade na linguagem dos quadrinhos.


Outra detalhe importante é que vemos muitas pessoas que enxergam os quadrinhos como forma de literatura, mas não são. Conforme destaca Paulo Ramos, no livro A Leitura dos Quadrinhos (2009), igualar os quadrinhos à literatura seria uma forma de procurar rótulos socialmente aceitos ou com prestígio acadêmico para justificar os quadrinhos que foram vistos com preconceito durante muito tempo.


Assim, o autor dá a melhor definição sobre o que são quadrinhos: "Quadrinhos são quadrinhos" ( A Leitura dos Quadrinhos - P. 17). Pronto! Ele foi simples, rápido e extremamente preciso. Desta maneira, vemos que os quadrinhos são uma linguagem autônoma que possuem instrumental linguístico próprio e que possuem relações com outras linguagens como literatura, pintura,fotografia, cinema, animação, teatro, música, caricatura, entre outras. Essa relação das HQs com as outras linguagens é muito bem trabalhada pelo semiólogo italiano Daniele Barbieri no livro "As Linguagens dos Quadrinhos".


Encerrando este tópico, podemos pegar um termo desenvolvido pelo linguista francês Dominique Maingueneau e considerar os quadrinhos como um hipergênero, um gênero amplo que abriga vários outros, cada um com suas particularidades.


Conhecendo a linguagem dos quadrinhos e seus elementos


Primeiramente, nota-se que os quadrinhos formam um sistema narrativo formado por dois códigos que estão em constante atuação: verbal e não verbal. Esses elementos são dependentes entre si e não podem ser pensados e analisados separadamente. Assim, como diz Paulo Ramos: “ler quadrinhos é ler sua linguagem, tanto em seu aspecto verbal quanto visual”.


Segundo Thierry Groensteen, no livro "O Sistema dos Quadrinhos, as HQs constituem em um modo de expressão sequencial designado pela justaposição de imagens solidárias (autor utiliza o conceito de solidariedade icônica - que é mais complexo e será abordado futuramente na série Conhecendo os Quadrinhos). Assim, a imagem desenhada é o elemento básico das HQs. Ela é apresentada como uma sequência de quadros que transmitem uma mensagem ao leitor, geralmente uma narrativa, que pode ser ficcional ou real. A menor unidade narrativa é o quadrinho que também é chamado de vinheta. (A margem que contorna o quadrinho é chamada de requadro).


A sucessão de vinhetas e do sentido de leitura é do alto para baixo e da esquerda para a direita no ocidente. (Nos países do Oriente, o sentido de leitura é da direita para a esquerda). A leitura dos elementos de cada quadrinho também segue esse mesmo sentido em relação à disposição dos personagens e suas falas, ou seja, o que está representado à esquerda se passa ou é dito antes do que está à direita.



Sentido ocidental de leitura
Sentido oriental de leitura














Os principais elementos que podemos destacar desta linguagem são:

  1. Vinhetas (quadros) de diversos formatos e tamanhos

  2. As imagens representadas através de certos enquadramentos ou planos;

  3. Os balões (que podem indicar falas, cochichos, pensamentos, gritos, sons vindos de aparelhos eletrônicos, entre outras coisas);

  4. Recordatórios (caixas de texto que trazem informações como passagem de tempo, aspectos que podem não estão no texto, fala do narrador, pensamento das personagens, entre outras coisas);

  5. As onomatopeias (signos que indicam sons e ruídos;

  6. Signos de movimento e metáforas cinéticas (usados para dar ideia de movimento);

  7. logomarcas (indicam o nome da editora e da personagem principal);

  8. Personagens (principais e secundários);

Nas próximas semanas, provavelmente com alguns intervalos, veremos cada um desses elementos citados acima de maneira separada e mais detalhada. Começaremos com as vinhetas.




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