Crítica: Adão Negro (2022)
- Igor Biagioni Rodrigues
- 20 de out. de 2022
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de dez. de 2023
O Adão Negro é forte, já seu filme...
Por Igor Biagioni Rodrigues

Contém Spoilers!!!
Desde que iniciaram as primeiras divulgações do filme, The Rock prometia que “Adão Negro” viria pra mudar a hierarquia de poder da DC Comics nos cinemas, e,bem... Ele realmente faz isso. Mas se tem uma coisa que “Adão Negro” não faz é mudar a hierarquia da qualidade e inventividade dos filmes de heróis. O que eu quis dizer com isso? Simples, Adão Negro é um filme genérico e o mais fraco da DC nos últimos quatro anos.
O longa possui sua trama dividida em duas partes: a origem de Teth-Adam (passado) e seu ressurgimento (presente). Ambas são extremamente corridas. Na tentativa de entregar tudo que prometeu, o filme utiliza de um roteiro fraco que aborda diversos temas, mas não se aprofunda em nenhum. A origem do Adão Negro (The Rock), que se passa cinco mil anos atrás, funciona relativamente bem perto da trama do presente, que apresenta a Sociedade da Justiça de uma forma decepcionante, ao ser retratada como mais uma das equipes que trabalham para Amanda Waller (Viola Davis) e cuja função na história é servir de saco de pancadas do Adão Negro.
Com Gavião Negro (Aldis Hodge) chamando os inexperientes Esmaga-Átomo (Noah Centineo) e Ciclone (Quintessa Swindell) para trabalharem com ele e com o veterano Senhor Destino (Pierce Brosnan), a equipe que surge do nada vai em uma missão na cidade fictícia de Kahndaq para capturar o “Campeão” que foi despertado. As origens de Ciclone e Esmaga-Átomo são cuspidas na nossa cara em um rápido diálogo entre os dois e em uma ligação do Al Rothstein com seu tio (são simplesmente um resumo em duas frases de suas origens nos quadrinhos). Mas pelo menos os dois têm sua origem contada, diferentemente do Gavião Negro e do Senhor Destino. Não que eu acredite que um personagem precise ter sua origem contada em tela para que ele funcione (The Batman demonstra isso de forma deslumbrante), porém no filme em questão, esses personagens são introduzidos rapidamente e com apenas duas funções: gerarem cenas de luta e questionarem Teth-Adam sobre as funções de um herói. É dessa forma tão precipitada que a primeira equipe de super-heróis dos quadrinhos é apresentada no DCEU, fazendo com que o sacrifício de Kent Nelson não tenha peso, e aliás, o mesmo não tem nem relevância. (Falando nisso, que fixação é essa que as pessoas têm em matar o Kent Nelson em todas as mídias?).
Um tema muito interessante que a história toca é o neocolonialismo. No entanto, infelizmente, é só isso que o filme faz. Ele apenas aborda o tema de um jeito muito raso. É muito interessante os paralelos que podem ser traçados entre a luta por liberdade dos antigos escravizados de Kahndaq com a luta por liberdade dos atuais moradores de lá perante o domínio da Intergangue (Pegou essa piscadela clara para o Quarto Mundo de Jack Kirby?), a relação dos EUA com tudo isso e a exploração mineral. Entretanto, tudo isso fica meio solto diante de tantas cenas de luta no longa.
Se não bastasse tudo isso, a película decide inserir um novo filme dentro de um que não tinha acabado. Após o arco de embate físico e ético (principalmente físico) entre Adão Negro e a Sociedade da Justiça, o roteiro decide colocar Sabbac na jogada para termos mais cenas de luta e um momento de redenção do herói/anti-herói interpretado por Dwayne Johnson. Se os heróis já são apresentados de forma corrida, o campeão dos demônios tem sua apresentação e motivação de forma mais rápida ainda e o surgimento de seus poderes é explicado com uma facilidade de roteiro que é de deixar aqueles que prezam por uma narrativa de qualidade vermelhos de raiva (sim, foi uma piada com o vilão).
Mas nem só de aspectos ruins vive o filme. Seus figurinos são sensacionais, seu CGI é de uma qualidade que se mantém constante durante o filme todo, suas piadas pontuais são funcionais, sua trilha sonora tem sua relevância, as cenas de luta são divertidas, a ideia de prender a história em um local só e não espalhar a briga de super seres pelo planeta para mostrar o quão poderosos eles são é boa e, por último, muitos conceitos e citações interessantes são deixados para uma expansão do DCEU, a cena pós-créditos que o diga...
Em suma, Adão Negro é uma boa pedida para quem não quer uma maior contemplação e nem desenvolvimento narrativo e de personagens, é para quem quer ver um filme descompromissado que foca principalmente nas lutas de bonecos de CGI (enquanto você lia essa frase, mais uma cena de luta aconteceu) e consegue ser esquecível, uma vez que você se diverte enquanto assiste, mas logo depois nem pensa mais sobre o filme que acabou de ver, servindo como um mero passatempo.
Para quem só se importa com números:
Nota-5/10
Ficha técnica:
Título Original: Black Adam.
País de origem: Estados Unidos.
Roteiro:Adam Sztykiel, Rory Haines e Sohrab Noshirvani.
Classificação: 14 anos.
Duração: 125 minutos.
Elenco:
Dwayne Johnson ("The Rock") como Adão Negro.
Aldis Hodge como Gavião Negro.
Pierce Brosnan como Senhor Destino.
Quintessa Swindell como Ciclone.
Noah Centineo como Esmaga-Átomo.
Sarah Shahi como Adrianna.
Viola Davis como Amanda Waller.
Mohammed Amer como Karim.
Marwan Kenzari como Sabbac.
Bodhi Sabongui como Amon.
Jalon Christian como Hurut.
Jennifer Holland como Emilia Harcourt.
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