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Crítica: "Deserto Particular" (2021)

  • Foto do escritor: Igor Biagioni Rodrigues
    Igor Biagioni Rodrigues
  • 2 de dez. de 2023
  • 3 min de leitura

Uma história de identidade e paixão.

Por Igor Biagioni Rodrigues. 


deserto particular

"Deserto Particular” é um filme brasileiro realizado através de uma coprodução com Portugal, dirigido por Aly Muritiba. O longa conta a história de Daniel (Antônio Saboia), um policial curitibano que está passando por problemas judiciais após um erro grave que cometeu. O protagonista passa os dias em uma rotina monótona que se resume em cuidar de seu pai (um idoso, ex-militar e que sofre de um processo de demência) e conversar com uma mulher que ele conheceu nas redes sociais e vive na fronteira da Bahia com Pernambuco, a Sara. Em um momento de desespero em que as coisas começaram a dar ainda mais errado em sua vida, Daniel pega uma caminhonete e corta o país do sul ao nordeste em busca de Sara. A partir dessa premissa, a película levanta temas importantíssimos e atuais, como violência policial, relações nas redes, paixão e desejo, religião e identidade.


Com um primeiro ato inteligentemente longo, o filme nos apresenta Daniel. Porém, não o conhecemos por completo; através de diálogos, momentos e até mesmo construções de cenário, o espectador vai construindo uma imagem/ideia de quem é o protagonista. E na segunda metade do longa, nos é contada a história de Sara, integrando com a de Daniel. E só então começamos a ter um maior conhecimento daquela trama.

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Um aspecto a se destacar é a dicotomia que o filme trabalha. Tal dualidade se apresenta não só nos personagens e suas personalidades, mas também na fotografia do longa. Curitiba possui um tom mais azulado, algo que remete à frieza, sendo o oposto de Daniel, que é uma pessoa passional demais. Já em Sobradinho, a paleta de cores muda para tons mais quentes, não só por conta do clima da cidade, mas pelas emoções que ali são e serão vivenciadas.


Tecnicamente falando, o filme utiliza o plano aberto, plano geral como ambientação, mas também como contemplação em um clima de muita brasilidade que remete ao sertão, e por si só alude ao título do longa e a jornada de Daniel. E utiliza também, com constância, o primeiro plano para que o foco seja nos personagens.


A trilha sonora vem de maneira diegética, ou seja, ela está acontecendo no plano ficcional da obra. As músicas aparecem sendo tocadas em bares, carros e ambientes presentes na história, sendo parte efetiva da ação. As escolhas musicais são muito assertivas, não só pela ambientação que elas trazem, mas por funcionarem como uma descrição dos sentimentos presentes em cena, principalmente a música “Total Eclipse Of The Heart”, que é uma síntese da relação e das emoções dos personagens principais.

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Através da construção de seus personagens, e principalmente a partir do momento em que eles se encontram, a película discute como o meio em que crescemos nos molda e como certas amarras sociais nos prendem, e de maneira muito simbólica mostra como os personagens respondem a isso, seja saindo daquele lugar que é uma âncora em sua vida, mudando o fluxo do rio em que navegam ou quebrando o gesso que os encasula.


Em suma, “Deserto Particular” é um belíssimo filme que traz à tona diversos sub temas extremamente relevantes para a sociedade e faz isso utilizando um dos tropos mais convencionais das histórias, a busca pela amada, e por isso ele é tão inteligente.


Para quem só se importa com números:

Nota-8/10.


Ficha Técnica:

Título Original: Deserto Particular

País de Origem: Brasil e Portugal

Roteiro: Aly Muritiba e Henrique dos Santos

Direção: Aly Muritiba

Classificação: 14 Anos

Duração: 120 minutos


Elenco:

Antônio Saboia como Daniel

Pedro Fasanaro como Robson

Laila Garin como Juliana

Thomas Aquino como Fernando

Zezita Matos como Tereza

Luthero Almeida como Everaldo

Sandro Guerra como Pastor Ailton




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