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Crítica: Klaus (HQ)

Atualizado: 24 de out. de 2023

Papai Noel Viking e super-herói

Por Iuri Biagioni Rodrigues

Todo mundo conhece a história do Papai Noel, certo? E se tivéssemos uma retração dele no estilo de Viking e super-herói? Diferente e interessante, não é mesmo? É exatamente isso que temos em Klaus.


A presente crítica aborda as sete primeiras histórias de Klaus que foram lançadas nos EUA entre 2015 e 2016 pela Boom! Studios. No Brasil, as histórias foram compiladas em um encadernado de luxo publicado pela editora Devir em 2017.


Klaus conta com roteiro de Grant Morrison, lendárie escritore escocese responsável por grandes obras dos quadrinhos como Homem-Animal, Batman Asilo Arkham, Grandes Astros Superman, Os Invisíveis, WE-3, Zenith, Sete Soldados da Vitória, entre muitas outras. A arte ficou por conta do talentoso desenhista costa-riquenho Dan Mora.


Neste quadrinho, a dupla reinventa a história do Papai Noel. Aqui, não temos um Papai Noel velhinho, barrigudo e bonzinho, temos uma espécie de guerreiro que vive na floresta acompanhado de seu animal de estimação, uma loba chamada Lili. Além disso, a trama traz magia, espíritos, demônios e a luta de Klaus contra um Estado totalitário comandado por Lorde Magnus. É um cenário bem interessante.


Um pouco da belíssima arte de Dan Mora

Morrison é bastante conhecide pelas suas histórias com referências ao surrealismo, ocultismo, hermetismo, à magia, à literatura e por tramas psicodélicas, oníricas e de narrativa complicada, porém neste trabalho, elu entrega uma história mais simples, direta, de uma leitura bem dinâmica e divertida. Enfim, Grant possui um estilo bem peculiar/estranho (que eu gosto bastante, mas que muita gente não gosta). Assim, este material é uma boa indicação para quem quer começar a ler HQs escritas por Morrison ou para quem quer ver um trabalho diferente delu, sem as "pirações" e complicações habituais.


A história começa com o protagonista chegando à cidade de Grimsvig e se envolvendo em um conflito com guardas locais por tentar ajudar uma criança que estava sendo agredida pelos soldados pelo simples motivo de brincar com uma pedra. Nesse reino, o tirano Lorde Magnus proíbe o entretenimento (principalmente das crianças, pois todos os brinquedos devem ser confiscados e entregues para seu filho), explora os trabalhadores das minas locais e reprime opositores.


Nesse conflito inicial, Klaus é gravemente ferido e condenado a andar nu pela floresta, mas é salvo por Lili. Durante a noite, ele recebe a visita de espíritos da floresta que o curam e deixam brinquedos para serem distribuídos para as crianças do reino. Nesse contexto, Morrison resgata o conceito do Yuletime (Yule, no original), uma comemoração existente entre os povos germânicos da Europa pré-cristã que era comemorada no final de dezembro e nos primeiros dias de janeiro (período do solstício de inverno no hemisfério norte). A partir daí, Klaus tem a missão de vencer o governante autoritário, levar brinquedos para crianças, devolver a alegria e a esperança para as pessoas , salvar a sua amada em perigo e criar o feriado de Natal. A missão do personagem principal é facilmente percebida pelo leitor.

Os espíritos da floresta

Morrison utiliza clichês e facilitações de roteiro. (Por exemplo, toda vez que Klaus se machuca, os espíritos da floresta aparecem para curá-lo). Além disso, a apresentação do verdadeiro vilão, o demônio Krampus, criatura mitológica que é a antítese de São Nicolau/Papai Noel é feita de uma maneira bastante rápida e não nos causa muito impacto. Esses são os principais aspectos negativos deste quadrinho. Apesar disso, o roteiro traz coisas muito bacanas, pois Morrison sabe contar histórias como poucas pessoas! Deste modo, temos bons diálogos, muita ação, violência e sangue, vemos o surgimento dos costumes natalinos dos presentes, chaminés e o uso dos trenós atrelados com os acontecimentos da obra. Enfim, Grant Morrison é bem criative e sempre tem ideias excelentes.


Um pouco do ótimo trabalho de cores do Dan Mora.

Agora, sem dúvida nenhuma, o ponto alto desta história é a arte de Dan Mora! o desenhista faz belas paisagens e construções detalhadas, trabalha muito bem as expressões dos personagens, seu traço traz grande dinamicidade e ideia de movimento nas cenas de ação, as composições de página são muito bem feitas , as cores são vívidas e transmitem o tom de aventura proposto pela narrativa. Em suma, Mora faz um belíssimo trabalho.


Portanto, Klaus é um quadrinho descompromissado e sem um roteiro brilhante, mas que diverte bastante pelas ótimas cenas de ação, narrativa dinâmica, pelo ótimo trabalho de arte, pela simplicidade, ingenuidade e espírito de esperança, características totalmente ligadas ao espírito natalino.


Para quem só se importa com números:

Nota: 7/10


Dados da HQ:

Roteiro: Grant Morrison

Desenhos: Dan Mora

Cores: Dan Mora

Editora original: Boom!Studios

Editora no Brasil: Devir


Prêmios vencidos por Klaus:

Dan Mora conquistou o Russ Manning Promising Newcomer - SDCC (San Diego Comic Con) de 2016 - Esse prêmio é concedido para quadrinistas iniciantes que se destacam na indústria. Mora venceu pelo seu trabalho em Klaus.

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